Minuano Saúde
Doença de Parkinson
A doença de Parkinson foi descrita pela primeira vez em 1817 pelo médico inglês James Parkinson, em um trabalho denominado "Ensaio sobre a paralisia agitante” (uma descrição de um conjunto de sintomas: lentidão, rigidez e tremor).
O médico Jean-Martin Charcot, considerado o pai da neurologia moderna, que deu continuidade ao trabalho de James Parkinson, descreveu o aspecto clínico da doença, observando a presença de demência em alguns casos e sendo pioneiro em propor o tratamento da doença com uso de hiosciamina (anticolinérgico - inibir a ação da acetilcolina).
Para homenagear Parkinson, o neurologista francês Jean-Martin Charcot renomeou a paralisia agitante para doença de Parkinson.
No dia 11 de abril foi comemorado o dia de prevenção à doença e o símbolo é uma tulipa vermelha de bordas brancas.
Nesta edição, a médica neurologista Cibele Folleto Lucas fala sobre a doença, como tratá-la, dia de combate e conta sobre o evento que participou.
Dia de combate à doença
Parkison é uma das doenças neurológicas mais comuns atualmente. Segundo a médica Cibele Lucas, no mundo inteiro, atinge todos os grupos étnicos e classes socioeconômicas.
Conforme dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 1% da população mundial acima de 65 anos é afetada.
No Brasil, existem poucas estatísticas, mas estima-se que 200 mil pessoas sofram da doença. Estudos apontam uma prevalência de 3,3% em pessoas com idade acima de 65 anos.
"A doença de Parkinson é caracterizada como uma degeneração do sistema nervoso, devido à ausência da dopamina", explica a médica. “Ela pode afetar pessoas de qualquer idade, mais comumente a partir dos 50 anos, e de ambos os gêneros”, ressalta.
Cibele destaca que é uma condição complexa que afeta as pessoas de formas diferentes. “Mas os sintomas mais frequentemente associados à doença afetam o movimento, causando tremores, lentidão dos movimentos, rigidez muscular e alterações na fala e na escrita”, explica a profissional.
"Não existem exames específicos para diagnosticar", enfatiza a neurologista. “O diagnóstico é feito com base no histórico médico do paciente, avaliação de seus sinais, sintomas e exame neurológico e físico. Podem ser solicitados exames para descartar outras condições que possam estar causando os sintomas”, salienta Cibele.
Desde a década de 80, temos vivenciado uma grande revolução na compreensão da doença de Parkinson, na evolução dos conhecimentos de sua etiopatogenia, no detalhamento cada vez maior da fisiologia dos sinais e sintomas, na visão crítica da diferenciação das síndromes parkinsonianas, especialmente nos quadros atípicos, e nas estratégias de tratamentos clínico e cirúrgico.
Tratamento
Cibele informa que o envolvimento do neurologista com o paciente parkinsoniano passou para uma fase que requer um conhecimento mais específico desta área, em consequência das rápidas modificações que têm sido instituídas nestes últimos anos. “A ideia de que qualquer médico saberia iniciar e manter um tratamento, em virtude da grande melhora obtida com a levodopa, vem sendo mais desafiada. Os conhecimentos sobre as complicações do tratamento com a levodopa, principalmente em pacientes jovens, as várias estratégias terapêuticas nas diversas fases da doença, como contornar as complicações motoras e não motoras, quando suspeitar que não seja doença de Parkinson e sim parkinsonismo atípico, necessitam da assistência de um neurologista capacitado”, destaca a profissional.
Por que a tulipa vermelha é símbolo da doença de Parkinson?
Em 1980, na Holanda, o floricultor JWS Van der Wereld, diagnosticado com a doença, desenvolveu uma tulipa vermelha com bordas brancas. Em 1981, Van der Wereld nomeou a tulipa de "Dr. James Parkinson", para homenagear o médico que primeiro descreveu a doença.
A flor recebeu o prêmio de mérito, no mesmo ano, da Royal Horticultural Society, em Londres, na Inglaterra, e também o prêmio da Royal General Bulbs Growers, na Holanda.
Em 11 de abril de 2005, a tulipa vermelha foi lançada como o símbolo mundial da doença de Parkinson na nona Conferência do Dia Mundial da Doença de Parkinson, em Luxemburgo.
Encontro Sharing Experience
Dia 8 de abril, em São Paulo, no hotel Transamérica, aconteceu o encontro Sharing Experience, que reuniu 50 neurologistas, entre eles os maiores pesquisadores e professores do Brasil, para discutir as estratégias de tratamento da doença.
A médica Cibele Lucas participou do evento e descreve que foi uma formulação inédita no Brasil, em que os participantes ficavam distribuídos em um grande círculo onde compartilhavam suas experiências. “Eu tive a honra de ser convidada a participar e foi muito gratificante”, conta a neurologista.