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Minuano Saúde

Baleia Azul: jogo perigoso e fatal

Publicada em 01/05/2017
Baleia Azul: jogo perigoso e fatal | Minuano Saúde | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Depressão é comum em adolescentes

Baleia Azul. Um nome bonitinho, com uma finalidade destrutiva. Nas últimas semanas, tem se ouvido e discutido muito nas redes sociais e na mídia sobre esse 'jogo'. O passatempo, disputado pelas redes sociais, propõe ao jogador 50 desafios macabros, que vão da automutilação até o suicídio. O jogo funciona como uma espécie de 'siga o mestre' - quem dita as regras e propõe os desafios é o 'curador', que envia aos participantes mensagens com instruções do que fazer e solicita fotos como prova do cumprimento das tarefas. Os jogadores, geralmente, são crianças e adolescentes, que, além de estarem mais suscetíveis às influências de terceiros, passam mais tempo nas redes sociais.

O jogo começa de uma forma mais 'leve'. No início, são delegadas aos jogadores tarefas como assistir a filmes de terror, ouvir músicas psicodélicas e desenhar uma baleia azul em um papel. Com o passar dos dias, os adolescentes chegam a ser desafiados a se pendurar em lugares altos e se automutilarem (desenhar uma baleia no braço com gilete, por exemplo) ou até tirarem a própria vida.

Ao que tudo indica, o jogo Baleia Azul teve início na Rússia, em 2015, quando uma jovem de 15 anos cumpriu a última tarefa e pulou do alto de um edifício. Dias depois, uma adolescente de 14 anos se atirou na frente de um trem. Existem muitas hipóteses e não se sabe até onde há veracidade nessas histórias. O fato é que se trata de um desafio extremamente perigoso. Mas o importante a se discutir não é a veracidade do jogo ou das correntes que correm pela internet, de que estranhos estão oferecendo balas a crianças em porta de escolas como parte do desafio. Nesta edição, o psicólogo Marcelo Motta explica o que é esse jogo destrutivo, como cuidar dos adolescentes e prevenir o suicídio.


Prevenção ao suicídio e à depressão

O jogo faz um alerta sobre dois temas importantes que, no Brasil, não gostamos de discutir: suicídio e depressão. Dados divulgados pela BBC Brasil na semana passada indicam que, entre 1980 e 2014, a taxa de suicídio entre jovens de 15 a 29 anos aumentou 27,2% no Brasil. O psicólogo Marcelo Motta destaca que acredita que esses dados aumentaram nos últimos anos.

"Tenho observado nas redes sociais (e fora delas) muitas pessoas comentarem que, na verdade, as crianças e adolescentes que participam do jogo não têm limites e que merecem 'apanhar'; que chineladas resolveriam, ou que isso não passa de uma bobagem (ou uma maneira de chamar a atenção). Nem a depressão, muito menos o suicídio, são brincadeiras. Não é através de 'surras de chinelo' que se resolve", ressalta o especialista.

Motta destaca que é necessário discutir os temas seriamente, e que enquanto a população não perceber que o jogo está alertando que os jovens precisam ser ouvidos, essas coisas continuarão acontecendo. "Bater não vai adiantar de nada, como muitos acreditam. Me entristece ver as pessoas pensando que tudo poderia ser resolvido com surra. Adultos se esquecem que já foram adolescentes e que é uma fase extremamente difícil, cheia de indagações, dúvidas, mudança no corpo, bullying, cobranças de todas as esferas", salienta.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), "a depressão é resultado de uma combinação complexa de fatores sociais, psicológicos e biológicos". Ao contrário do que muita gente pensa, a depressão também pode atingir os adolescentes, explica o psicólogo. "É durante essa fase da vida que os sintomas da doença podem acabar sendo confundidos com as mudanças comportamentais naturais da idade", esclarece Motta.

A estimativa da OMS indica que a depressão atinge até 13% dos jovens entre 10 e 19 anos de idade, sendo um dos principais distúrbios a incapacitar os jovens. Como durante essa fase da vida o organismo passa por transformações profundas, o jovem pode apresentar mudanças de humor e comportamento, sem que isso seja motivo para preocupação. "Momentos de irritação, raiva, sentimentos de incompreensão, tristeza e desânimo, por exemplo, são bastante comuns nessa fase. Mas, se esses comportamentos e sentimentos são persistentes, podem ser um sinal de alerta. No caso de meninos com depressão, é comum a incidência de comportamentos agressivos e violentos, uso de substâncias ilícitas, problemas de conduta, desprezo e desdém pelos outros, além de uma constante atitude de desafio. Já nas meninas, é alta a presença de sentimentos de tristeza, ansiedade, tédio, raiva e baixa autoestima", informa.

Tanto na prevenção, quanto no tratamento da depressão em adolescentes, a família tem um papel fundamental, complementa o terapeuta. “Quando o diagnóstico de depressão é confirmado, o tratamento pode incluir a terapia familiar. E, mesmo quando o tratamento não incluir esse tipo de terapia, os familiares têm de estar preparados para lidar com a situação e apoiar o adolescente. Serem compreensivos e evitar cobranças excessivas são essenciais para o sucesso do tratamento. O jovem precisa perceber que conta com o apoio da família para poder vencer a depressão”, declara o psicólogo.


Alguns sinais que os pais e responsáveis precisam sempre estar atentos quanto ao risco de depressão na pré-adolescência e adolescência

Escola: os pais devem acompanhar sempre o desempenho escolar da criança e do adolescente. Quedas bruscas no rendimento, problemas de relacionamento com professores e colegas, além de dificuldade de concentração devem ser verificados.

Família: explosões constantes de raiva, irritação e instabilidade emocional, tentativas de fuga, discussões sem motivo e atitudes de desafio, acompanhados de outros indícios, podem ser decorrência de um quadro depressivo. Mas é importante não esquecer de que casos isolados desses comportamentos são comuns durante a adolescência.

Hobbys: adolescentes depressivos normalmente perdem o interesse por atividades que antes apreciavam. Também há tendência ao isolamento e afastamento dos amigos.

Saúde física: falta de energia, sensação de cansaço e alterações no sono e no apetite também são comuns em casos de depressão. O jovem se sente cansado para as atividades do dia a dia, dorme mais ou menos do que o normal e pode ter perda ou ganho significativo no peso corporal.

Sentimentos: a depressão faz com que os sentimentos de desesperança, tristeza e inadequação sejam desproporcionais. Sentimentos de baixa autoestima e ideias suicidas também podem acompanhar os adolescentes.

 

Jogo e série sobre o tema

O jogo da 'Baleia Azul' alerta para outras situações muito importantes, como, por exemplo, a ausência dos pais na vida dos filhos. Com o mundo corrido que se vive atualmente e muito trabalho, a ausência em casa faz com que os responsáveis, muitas vezes, não saibam o que se passa nas vidas de seus filhos, salienta o psicólogo Marcelo Motta. "Muitas vezes, os jovens estão sofrendo algum tipo de assédio na escola ou no seu grupo de amigos, ou até na própria internet, e os pais acabam não sabendo. Então, esse jogo surge para os adolescentes (que estão em formação, na maioria das vezes) como um alívio", explica o especialista.

Motta acrescenta que outra forma de alívio para esses jovens que estão em sofrimento seria a automutilação (que consiste em se cortar - braços, pernas e barriga). A automutilação seria uma forma do jovem 'aliviar' a dor. "Na cabeça dessas pessoas que se mutilam, o corte suaviza a dor psíquica. Novamente, repito, é uma forma de o jovem gritar por ajuda. E os pais precisam estar atentos a estes sinais (que variam desde o jovem usar roupas que tapam o corpo até mudança do comportamento. Alguns sinais costumam se manifestar quando se sentem insatisfeitos. Por mais que pareça redundância, o número de pessoas que se mutilam vem crescendo muito. Os motivos, novamente, são parecidos com os que podem causar a depressão: problemas na escola, na família, com o corpo, autoestima baixa, ausência dos pais, entre outros", destaca.

O psicólogo diz, ainda, que a família tem que criar uma nova possibilidade de intimidade, porque aquela que os filhos têm com os pais desde a infância não preenche mais as necessidades. "Cada família vai descobrir a solução de uma forma. Pode ser no esporte, cozinhando juntos ou jogando videogame. O adolescente tem tendência a idealizar coisas. Se ele idealiza que uma pessoa que entrou no jogo e se mutilou resolveu seu problema, pode achar que isso funcionará para si", informa Marcelo Motta.

Mas não se pode, por causa disso, silenciar sobre o assunto, argumenta. Muitos temem falar sobre o suicídio ou a automutilação. Falar sobre o que leva ao suicídio e dar informações sérias sobre o tema, sem idealizações, é importante e pode até frear esse efeito. "É o que acontece com a série 13 Reasons Why (Os 13 porquês), série do Netflix que discute o tema do suicídio de uma forma chocante mas muito real", esclarece o especialista.

A história é sobre Hannah Baker, que é a personagem principal dessa série. A menina é uma estudante de Ensino Médio que se suicida ao cortar os pulsos em uma banheira, mas antes deixa um conjunto de gravações, nas quais aponta as motivações que a teriam levado ao suicídio: bullying, violação da privacidade, assédio sexual e psicológico, incompreensão, entre outros. "A série abalou muitos adultos e especialistas, que ficaram alarmados e receosos em relação aos jovens que fossem assistir a série. Por um lado, essa repercussão teve um efeito que especialistas consideram positivo: chamou a atenção para um problema extremamente sério e que, com frequência, passa sem ser percebido, abrindo caminho para que as pessoas estejam atentas aos sinais de risco e que busquem auxílio", observa o psicólogo.

Um forte indício de que isso está acontecendo é, justamente, o aumento da procura pelos serviços de prevenção, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), relata Motta. "A outra face da moeda, no entanto, é o temor, manifestado por vários profissionais, de que a maneira como o suicídio é abordado no seriado possa encorajar comportamentos parecidos. Muitos profissionais acreditam que a série trata o suicídio de uma maneira poética, mas o importante é que pais e filhos discutam isso juntos, em suas casas", conclui.

Marcelo Motta alerta que os pais precisam conversar mais com seus filhos e que devem procurar ajuda especializada quando necessário. "Muitas vezes, os adolescentes não se sentem confortáveis ao conversar com os pais (é normal nessa fase), porém com um psicólogo eles conseguem desabafar. Também existe o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece ajuda por telefone, chat, skype e e-mail. Os telefones são o 141 (24 horas, para todo o país) e o 188 (gratuito, apenas para o Rio Grande do Sul) e o site é www.cvv.org.br", informa. 

 

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