Minuano Saúde
Doenças respiratórias
Os hospitais de Bagé têm internado muitas pessoas com diversos tipos de doenças respiratórias. Mas por que é mais comum no período de frio, chuva e umidade as pessoas sofrerem de doenças respiratórias? Quais são as principais? E como prevenir e cuidar?
Sobre esse assunto, o Caderno MINUANO Saúde conversou com a médica pneumologista Flávia Marzola sobre doenças respiratórias.
Doenças respiratórias são aquelas que atingem órgãos do sistema respiratório (pulmões, boca, faringe, fossas nasais, laringe, brônquios, traqueia, diafragma, bronquíolos e alvéolos pulmonares).
As enfermidades do sistema respiratório mais frequentes são: bronquite, rinite, sinusite, asma, gripe, resfriado, faringite, enfisema pulmonar, câncer de pulmão, fibrose pulmonar, tuberculose e pneumonia.
As causas dessas doenças podem ser diversas. Fumo, alergias (provocada por substâncias químicas ou ácaros), fatores genéticos, infecção por vírus, umidade ou frio.
Algumas doenças, cuidados e prevenção
Asma é uma enfermidade inflamatória crônica das vias aéreas. O pulmão do asmático é diferente do de um saudável. Os brônquios são mais sensíveis e inflamados - reagindo ao menor sinal de irritação.
É uma das condições crônicas mais comuns, acometendo cerca de 235 milhões de pessoas no mundo todo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Estima-se que, no Brasil, cerca de 10% da população sofra com o problema, assim como 20% da população mundial.
De acordo com a médica pneumologista Flávia Marzola, a asma é uma doença genética. “É hereditária e o diagnóstico é clínico. Quando uma pessoa apresenta um histórico repetitivo de falta de ar e broncoespasmos já ficamos atentos para a possibilidade de uma crise asmática”, garante.
Flávia destaca que, na maioria da pessoas, a crise de asma é acionada por uma infecção respiratória causada por um vírus. “Outra causa da crise de asma é a exposição a alérgenos - como poeira, mofo, cheiros fortes e medicamentos - por isso, medidas preventivas devem ser introduzidas”, salienta.
Tipos
"Para classificar a gravidade da doença, é considerada a análise clínica aliada aos resultados de exames", explica a pneumologista. “Determinar o quão grave é a asma auxilia a escolher o melhor tratamento. Além disso, a seriedade pode alterar com o passar do tempo, necessitando de um reajuste da medicação”, observa Flávia.
Classificação em quatro categorias gerais
Grau 1: sintomas leves e intermitentes até dois dias por semana e até duas noites por mês, em geral com predomínio dos sintomas no inverno, por exemplo
Grau 2: sintomas persistentes e leves mais do que duas vezes por semana, mas não mais do que uma vez em um único dia
Grau 3: sintomas persistentes moderados uma vez por dia e mais de uma noite por semana
Grau 4: sintomas graves persistentes ao longo do dia na maioria dos dias e frequentemente durante a noite
Sintomas
A maioria das pessoas fica longos períodos sem sintomas, intercalados com as crises, quando exposta a algum agente, informa a médica. “Os ataques de asma podem durar minutos ou dias e podem se tornar perigosos se o fluxo de ar estiver muito restrito”, ressalta.
Flávia enfatiza que os sintomas mais comuns são:
*Tosse com ou sem produção de escarro (muco)
*Repuxamento da pele entre as costelas durante a respiração (retrações intercostais)
*Deficiência respiratória que piora com exercício ou atividade
*Respiração ofegante que vem em episódios com períodos intercalados sem sintomas; pode ser pior à noite ou no início da manhã; pode desaparecer por si mesma; melhora quando se usa medicamentos que abrem as vias respiratórias (broncodilatadores); piora quando se inspira ar frio, com exercício ou com azia (refluxo); em geral começa repentinamente.
Pneumonia
Diferentes do vírus da gripe, que é uma doença altamente infectante, os agentes infecciosos da pneumonia não costumam ser transmitidos facilmente.
Existem diversos tipos de pneumonia. Entre eles estão: provocada por vírus, por fungos, por bactérias ou química.
Fatores de risco:
-fumo - Provoca reação inflamatória que facilita a penetração de agentes infecciosos
-álcool - Interfere no sistema imunológico e na capacidade de defesa do aparelho respiratório
-ar-condicionado - Deixa o ar muito seco, facilitando a infecção por vírus e bactérias
-resfriados mal cuidados
-mudanças bruscas de temperatura
Sintomas:
-febre alta
-tosse
-dor no tórax
-alterações da pressão arterial
-confusão mental
-mal-estar generalizado
-falta de ar
-secreção de muco purulento de cor amarelada ou esverdeada
-toxemia (danos provocados pelas toxinas carregadas pelo sangue)
-prostração (fraqueza)
Tratamento
"O tratamento da pneumonia requer o uso de antibióticos", explica a médica. A melhora costuma ocorrer em três ou quatro dias. A internação hospitalar para pneumonia pode se fazer necessária quando a pessoa é idosa, tem febre alta ou apresenta alterações clínicas decorrentes da própria pneumonia, tais como: comprometimento da função dos rins e da pressão arterial, dificuldade respiratória caracterizada pela baixa oxigenação do sangue - porque o alvéolo está cheio de secreção e não funciona para a troca de gases. “Os cuidados devem ser principalmente com crianças e idosos, que, neste período, devido ao frio e à umidade, são os mais acometidos pela doença”, acrescenta a pneumologista.
Bronquite
É a inflamação das principais passagens de ar para os pulmões. A forma aguda é muito comum e, geralmente, vem acompanhada de outras condições, como a gripe ou outro problema respiratório. Já a versão crônica necessita de cuidados especiais.
Pode ser aguda (de curta duração) ou crônica (dura por muito tempo e tem alta recorrência).
Causas
É geralmente causada por vírus. A doença costuma estar acompanhada de uma outra infecção viral respiratória, como gripes e resfriados. No início, afeta o nariz, a garganta e, depois, se espalha para os pulmões. Às vezes, pode-se contrair uma infecção bacteriana secundária nas vias respiratórias. Isso significa que uma bactéria infectou essas vias, além do vírus.
Bronquite crônica - o fumo é o principal responsável pelo desenvolvimento da bronquite crônica. Poluição e emissão de gases tóxicos no meio ambiente ou no ambiente de trabalho também estão entre as prováveis causas. A bronquite crônica é um tipo de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
Sintomas:
-tosse com presença de muco
-ronco ou chiado no peito
-fadiga
-dificuldade para respirar e falta de ar
-febre e calafrios
-desconforto no peito
Mesmo após o desaparecimento da bronquite aguda, ainda pode haver uma tosse seca e incômoda que se estende por várias semanas.
Tratamento
Em muitos casos de bronquite o médico poderá prescrever alguns remédios específicos. “Sempre é bom manter uma boa hidratação, respirar pelo nariz, umidificar as vias aéreas e fazer todas as vacinas, o que tem trazido resultados significativos”, finaliza a especialista.
Prevenção a doenças respiratórias
Gripe e resfriados
Alimentação saudável; ingestão diária de, pelo menos, dois litros de água; descansar para repor energias, pois a pessoa deve, ao menos, dormir oito horas por noite. Antibióticos, medicamentos como descongestionantes, xaropes e Aspirinas devem ser ingeridos somente com prescrição médica. Evitar grandes aglomerações de pessoas, deixar as janelas da casa abertas, para manter o ambiente ventilado; lavar sempre as mãos; e para o nariz entupido, o melhor é usar soro fisiológico.
Asma
Não há como curar a asma, mas pode-se prevenir as crises de falta de ar com o uso correto dos medicamentos. Praticar atividade física que desenvolva a capacidade respiratória, como a natação, ajuda o paciente. Porém, atividades que sejam de nível moderado/intenso deve ser orientada por um médico. Higienização do ambiente é muito importante para prevenir as crises. Sempre que possível, evitar exposição a mudanças bruscas de temperaturas.
Bronquite
Evitar o fumo e locais em que o ar é muito seco; lavar as mãos; tapar a boca ou nariz ao tossir ou espirrar, isso ajuda a evitar o contágio do vírus. A imunização contra a gripe e pneumonia é importante.
Pneumonia
Tomar as vacinas contra o vírus da influenza e o pneumococo, preferencialmente antes da chegada do inverno; cuidados básicos com a higiene pessoal, como lavar as mãos; manter o corpo hidratado, especialmente em dias quentes e com baixa umidade; fazer inalação com vapor de água, ajuda na eliminação das secreções pulmonares; praticar exercícios físicos leves; evitar dietas liquefeitas, pois aumentam o risco de aspiração da comida. O certo é comida pastosa ou semissólida; fazer dieta balanceada, com verduras, legumes e frutas (ricas em vitamina C: laranja, acerola, limão, melão); evitar bebidas muito geladas e ambientes fechados, já que são mais propícios a contaminação.