ELLAS
Nossa Terra tem Palmeiras
A pedido do Caderno Ellas o grupo Cultura Sul produziu uma série de poemas em homenagem às palmeiras que muito bem caracterizam Bagé.
Quando sopra o minuano,
enverga o corpo esguio das palmeiras.
Dançam elas, cabelos desarrumados;
Fortes, belas e faceiras.
* Maria Conceição Rosa dos Santos
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Panorâmico
Minha terra tem palmeiras;
Tem angico e guajuvira,
Tem quero-quero e anu.
Minha terra tem ardores,
Com verde pampa de amores.
Minha terra tem palmeiras;
Tem cerro amigo faceiro,
Tem arroios galhofeiros;
Minha terra tem amores,
Com céus em esplendores.
Minha terra tem palmeiras;
Tem gente hospitaleira,
Tem gostoso mate amargo;
Minha terra tem fervores,
Com padroeiros, tem amores.
Minha terra tem palmeiras;
Tem bom cavalo crioulo,
Tem agropecuária pulsante;
Minha terra tem amores
Com vinho, frutas, sabores.
Minha terra tem palmeiras;
Tem quartéis e casarões,
Tem poeta e escritores;
Minha terra tem louvores,
Com artistas tem amores.
* Sarita Barros
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Ocorrência
E nos seus 206 anos, Bagé
ao abrir os olhos,
tropeçou na sua própria claridade
e desmaiou de beleza.
* Elvira M. Nascimento
Minha terra tem palmeiras
Minha terra tem palmeiras,
com suas almas verdes,
coadas pelo hálito da eternidade;
Minha terra tem sonhos inexplorados,
desassossegos e ausências;
Tem horizontes dobrados entre
melancólicos montes.
Tem imagens coladas no avesso
mistério das coisas;
Apelos ajoelhados no começo
de toda manhã;
Ideias que entardecem remanescentes
à beira de todos os caminhos;
E um fantasma oculto estendido
na mão de todo pensamento.
Minha terra tem palmeiras...
* Rafaela Ribas
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Yes, nos temos palmeiras,
Washingtônias importadas,
nem sei quando nem como
vieram parar aqui
e se fizeram guardiãs atentas
de nossas planuras eternas;
Nossa terra tem palmeiras,
som onde cantam pardais, corujas, morcegos,
bem-te-vis e pompos do mato;
suas folhas em leque são enceradas pela chuva,
despenteadas pelos ventos,
encorajadas pelo primeiro sol de cada manhã
e pelas últimas luzes de cada tarde,
do alto de seu pescoço deslocado de girafa,
conhecedora de nossos telhados, heroísmo e abismos;
Como fazem as nuvens e os passarinhos,
nossas palmeiras nos olham dia e noite
e abanam ironicamente suas cabeças de folha
* Norma Vasconcellos
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Minha terra tem palmeiras...
Minha terra, nossa terra
tem palmeiras, que não vê?
Quem plantou, quem defende
tal tesouro deste chão?
Minha terra, nossa terra
ainda tem água, quem não vê?
Cheias, ralas, sofridas
orando mil tratos de paz
Minha terra, nossa terra
ainda tem aves, quem não vê?
Seus cantos creditam esperança
nesta terra e em nosso Brasil
* Sônia Alcalde
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Ausência e Permanência
Há uma rua nesta urbe,
Pulsante e muito febril;
Como um bicho ela se mexe;
Quadris em movimento,
Púbis de arvoredo;
Talvez tenha urgência
De alcançar o cósmico caminho.
Nossos passos traçam
A memória nas pedras
Na praça, se tem labuta da feira
As palmeiras indiferentes rumorejam
A balançar a cabeleira,
Acenam ao céu o torço verde,
Onde os deuses jogam cartas marcando
- Ausência e permanência -
E tecem nossos destinos
Nas folhas das palmeiras.
* Gladis Deble
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Aleias de gerações em Palmeiras
Gerações nas aleias das palmeiras, gleba histórica sacode almas
Como ébano, mármore, bronze resistentes palmeiras nos corações
Ruas enluaradas na tua sombra escondida, palmeiras de minha terra,
Fileiras altaneiras de palmeiras rompem na manhã ensolarada
Entre alcatifas verdes, o ouro do sol, o anil no olhar do teu céu
Quais árvores da minha terra, espaço e tempo se entrelaçam
De Gonçalves Dias ao templo de palmeiras ao vento em Bagé.
* Ada Maria Machado Guimarães
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Nas palmeiras de Bagé
tremula a resistência de um povo
que não desiste nunca
* Sheila Correa