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ForGrad debate questões da educação superior contemporânea

Com auditório cheio, teve início, ontem, o Fórum de Pró-reitores de Graduação (ForGrad) da região Sul do Brasil. O complexo cultural do Museu Dom Diogo de Souza recebeu dezenas de docentes de diversas universidades públicas e comunitárias para debater o atual panorama do Ensino Superior no País.
A mesa de abertura foi formada pela reitora da Universidade da Região da Campanha (Urcamp), Lia Quintana, que pela primeira vez sediou o encontro de profissionais; Virgínia Paiva Dreux, pró-reitora acadêmica da Urcamp e coordenadora do ForGrad Sul; José Carlos Carles de Souza, reitor da Universidade de Passo Fundo e presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung); Marco Antônio Fontoura Hansen, reitor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa); Cléverson Almeida, pró-reitor de Graduação e Assuntos Acadêmicos da Universidade Mackenzie e presidente do ForGrad Nacional, e o secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC), Paulo Barone.

Abertura
A pró-reitora acadêmica da Urcamp e coordenadora do evento abriu os discursos, ressaltando que a “finalidade do evento é congregar as instituições de Ensino Superior brasileiras para promover a melhoria da qualidade da graduação e a troca de experiências, discussão sobre pesquisa e extensão, além de debater formas para aumentar o número de discentes, políticas de inclusão e diminuição da evasão na Educação Superior”.
Comentou que, durante os primeiros seis meses do ano, ocorreram encontros entre os representantes da região Sul. Como, neste ano, o fórum celebra três décadas, a temática central escolhida para 2017 foi “ForGrad: 30 anos de compromisso com a Educação Superior Brasileira - para onde vamos?”.
Para a regional sul, foi habilitada a subtemática: “Saberes docentes e práticas pedagógicas no Ensino Superior”. As questões debatidas aqui serão levadas ao Fórum Nacional, que acontece entre os dias 31 de agosto e 2 de setembro, na Universidade Mackenzie, em São Paulo.
Em seguida, o responsável pela Sesu no MEC, Paulo Barone, reafirmou a instalação do Centro de Desenvolvimento Regional (CDR), tema que foi tratado com os reitores, Lia e Hansen, e com o prefeito de Bagé, Divaldo Lara, na noite de quarta-feira. Barone destacou a importância do projeto, que irá alavancar o desenvolvimento regional através da utilização das potencialidades locais, envolvendo as instituições de Ensino Superior.
Já o presidente do ForGrad Nacional, destacou que o 30º ano do evento é bastante singular, já que diversificou e expandiu sua abrangência. Almeida citou como exemplo a participação ativa de universidades e institutos federais, comunitárias confessionais e não-confessionais e estaduais na organização.
José Carlos Carles de Souza, representando a Universidade de Passo Fundo e o Comung, destacou, em seu discurso, os tempos difíceis para a educação, com demissão de funcionários e professores em todos os segmentos de ensino. “O cenário que nos cerca de forma alguma pode ser desconhecido de todos nós. Vivemos tempos difíceis, muito difíceis. Percebemos o Ensino Superior, contrariamente ao que é previsto no Plano Nacional de Ensino, ao invés de aumentar, está reduzindo a participação de vagas na graduação”, destacou.
Ele apontou, ainda, que é necessária uma ação mais vigorosa frente à crise educacional, já que as esferas políticas se abstêm de auxiliar o segmento. “Como vamos reagir à situação que está posta? Instituições de Ensino Superior públicas ou comunitárias passam por dificuldades e não recebem a ajuda necessária das esferas políticas”, disse.
Já a reitora da Urcamp destacou a importância da participação da universidade tanto na coordenação do ForGrad Sul quanto no projeto piloto do Centro de Desenvolvimento Regional. “Vamos quebrar paradigmas dessa divisão de universidade federal e universidade comunitária. Nesse trabalho (o CDR) vamos misturar tudo”, pontuou. Além disso, Lia destacou que o momento é de reinvenção da educação e suas ferramentas para as diferentes gerações.

Renovação curricular da graduação foi tema da conferência de abertura
Graduado em Engenharia Elétrica e Física pela Universidade Federal de Juiz de Fora, mestre e doutor em Física pela Universidade Estadual de Campinas, com ênfase em Estrutura Eletrônica de Moléculas Bioativas e de Nanodispositivos, Barone é o atual secretário de Educação Superior do Ministério da Educação.
Foi ele o responsável pela palestra inaugural, que antecede as demais atividades dos dois dias de evento. Em sua fala, defendeu a necessidade de uma modernização do currículo acadêmico a fim de torná-lo mais adequado à educação de massas.
Barone afirma que cada graduado tem papel de liderança importante no arranjo social em uma sociedade que conta ainda com pouco acesso ao Ensino Superior. Segundo ele, o Brasil está muito atrás, em questão de número de graduados, de países menos desenvolvidos economicamente. “Essas informações oportunizam reflexões sobre questões sistemáticas, como o baixo índice de pessoas com acesso ao Ensino Superior, cerca de 18%. Com até 15% da população graduada, o Ensino Superior é considerado de elite. De 15% a 30% já é considerado uma transição de expansão de ensino para massa. Acima disso, é considerado universal”, explica.
O secretário afirmou que o acesso à educação superior ainda é pequeno, mas vem crescendo gradualmente. Desta forma, os currículos dos bancos acadêmicos, antes adaptados para atender a uma parcela bem menor, devem ser revistos para atender essa nova demanda. “Como vamos atender essa demanda? Com certeza não será com o mesmo modelo estrutural de Ensino Superior para a elite, que já estão defasados”, disse.
Além disso, destacou que um dos baluartes da qualidade da educação é a questão da internacionalização do ensino. Segundo Barone, é necessário que a revisão curricular preveja também a questão da internacionalização. “Mudar drasticamente a graduação para internacionalizar o Ensino Superior, para que possa se comunicar com a contemporaneidade e com as tendências mais modernas, que já são utilizadas em muitos países”, diz.

Mesas de discussão
À tarde, aconteceram as mesas de discussão. O primeiro tema foi “Saberes docentes e práticas pedagógicas na educação superior”, com mediação da presidente do ForGrad Nacional, Cléverson Almeida, e participação dos docentes Flávia Costa e Sidinei da Silva, da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí).
Para o mediador, a conferência teve os temas mais relevantes e sempre atuais para os docentes na educação superior. Para o presidente, as discussões precisam ser transformadoras. “Foram assuntos oportunos, relevantes e pertinentes, com reflexões fundamentadas para fazer pensar”, ressalta.
Almeida salienta que os debates foram de alto nível, salientando que este tipo de evento ‘são oportunidades que não voltam mais’. “Fazemos descobertas sobre a riqueza da microrregião e a luta em prol da educação superior”, destaca.
A segunda discussão foi sobre “Metodologias inovadoras/ativas”, com mediação do pró-reitor de graduação, professor Miguel de Freitas Júnior, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e participação dos professores Daniel Quintana Sperb, Moema Nudilemon Chatkin e Giana Sebastiani, da Universidade La Salle Brasil (Unilasalle), Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
O mediador frisa que no momento atual em que o País vive, com necessidade de mudanças e renovação na educação, os debates ajudam a elevar as reflexões, que serão levadas para as discussões dentro das instituições. “É preciso dialogar com as diferentes áreas”, pondera.
O terceiro tema, “Práticas pedagógicas para inclusão”, teve a mediação da assessora e coordenadora pedagógica da Universidade Feevale, professora Sandra Difini, e participação dos professores Marta Borgmann, Zita Canuto e Vaneza Peranzoni, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Unijuí e Universidade de Cruz Alta (Unicruz).
Sandra salienta que, desse tipo de evento sempre, se tira um aprendizado, inclusive com as contradições. Para ela, o fórum trouxe um eixo condutor único e diversificado, que permitiu tramitar através da interdisciplinaridade. “A ideia é como o professor deve facilitar para que o aluno aprenda”, avalia.

Avaliação
Para a pró-reitora acadêmica da Urcamp e coordenadora do ForGrad Sul, Virgínia Paiva Dreux, o evento superou as expectativas. Ela salienta que, além de docentes do Rio grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, que eram o foco do encontro, o evento se expandiu para outros estados, com participações de docentes de Tocantins, São Paulo, Rio de Janeiro e Mato grosso.
Virgínia enfatizou que participaram mais de 190 pessoas. Para a pró-reitora, todas as mesas de discussão tiveram debates de alto nível, tratando de políticas inclusivas, práticas inovadoras e metodologias. “Para a Urcamp é uma excelente oportunidade e reconhecimento de que estamos no cenário da formação acadêmica”, conclui.

Visita guiada
Participantes do ForGrad também realizaram uma visita guiada pelo Museu Dom Diogo de Souza, mantido pela Fundação Attila Taborda (FAT-Urcamp). Uma exposição especial foi montada para a ocasião. O destaque ficou por conta da pedra da Lua, doada à instituição pelo presidente Emílio Garrastazu Médici, que recebeu o fragmento do governo norte-americano.

Programação
8h30min – credenciamento;
9h – apresentação cultural;
9h15min – Mesa de discussão “Formação superior x formatação”, com mediação da assessora pedagógica da Urcamp, professora Viviane Gentil, e participação dos professores Guto Niche e Maurício Aires, da Unilasalle e Universidade Federal do Pampa (Unipampa);
10h30min – coffe break;
11h30min – elaboração da Carta Bagé;
12h – encerramento;
12h às 17h – almoço por adesão e passeio.