Editorial
Uma realidade irreversível
A tecnologia revolucionou a comunicação. E, com potencial para criar constantes revoluções na educação, ela está mexendo com as relações. Só falta conquistar este reconhecimento. Uma pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil representa o primeiro passo, apontando que, pelo menos, 52% dos alunos de escolas do Ensino Fundamental, localizadas em áreas urbanas, usaram telefones celulares em atividades escolares, em 2016. A vinculação entre a internet e o ensino é irreversível, mas ainda não ocupa o merecido lugar de destaque nas agendas de organização do setor, especificamente por parte de quem toma as decisões no campo da política. O cenário também pode ser traduzido por números.
O levantamento, batizado de ‘Tecnologias da Informação e Comunicação’, atesta que o acesso à Internet é ainda maior entre os estudantes do Ensino Médio, alcançando 74%. E a tendência é acompanhada pelos docentes. Mais de 91% dos professores acessaram a internet pelo celular para uso pessoal, no ano passado, e 49% dos professores usuários da rede declararam utilizar o telefone móvel em atividades com os alunos. Existem, entretanto, desafios cruciais para serem superados. O primeiro diz respeito à assimilação das ferramentas.
Uma parcela pequena dos estudantes, estimada em 31%, acessa a Internet pelo telefone celular na escola, sendo 30% entre os alunos da rede pública e 36% nas instituições privadas. Os tímidos percentuais têm uma explicação curiosa. Ocorre que 92% das instituições pesquisadas dispunham de rede Wi-Fi, sendo que 61% não permitiam acesso aos alunos. A maioria, portanto, desperdiça chances de estabelecer novos canais; de participar ativamente de um processo revolucionariamente irreversível.
Por outro lado também faltam recursos de fato. E os números são claros neste sentido. Mais de 80% das 1.106 escolas públicas e privadas avaliadas, em 2016, por exemplo, tinham laboratórios de informática, mas, em apenas 59%, o espaço se encontrava em uso. Sem condições adequadas, apenas 31% dos professores de escolas públicas conseguiram usar computadores no laboratório para o desenvolvimento de atividades com os alunos. A revisão desta relação passa, inevitavelmente, pelo desenvolvimento de uma lógica que privilegie os investimentos.