Campo e Negócios
Levantamento da Farsul aponta queda na rentabilidade no campo
Os expressivos resultados na produção rural nos últimos anos não se refletem no bolso do produtor. Se as boas safras foram apontadas como fundamentais para a manutenção da economia nacional, o lucro no campo vem caindo a cada ciclo de colheita. E o cenário da pecuária também não se apresenta diferente. Um levantamento realizado pela Assessoria Econômica do Sistema Farsul aponta que a queda na rentabilidade pode superar 50%, conforme a cultura e região.
O estudo mostra que as lavouras que apresentaram crescimento no lucro, na comparação entre 2016 e 2017, são aquelas que registraram perdas com as chuvas do ano passado, como arroz irrigado em Uruguaiana e trigo em Carazinho e Tupanciretã, as demais registraram perdas. Esses são os casos da soja em Carazinho (-23%) e Cruz Alta (-9%), milho em Carazinho (-39%) e arroz irrigado em Camaquã, que atingiu -55%. Este último município teve sua produção de soja dobrada em virtude da quebra do ano anterior, mas mesmo assim os produtores amargaram prejuízos.
No caso dos arrendamentos, o cenário fica ainda pior, como em Uruguaiana. Em 2016, as fortes chuvas fizeram com que o prejuízo fosse de R$ 181,09 por hectare. Este ano o resultado foi de R$ 631,68 na mesma área. Entretanto, o custo da terra é de, em média, R$ 591,75, não cobrindo o resultado negativo do ano passado.
Com a pecuária a situação é semelhante. Na comparação entre 2014 e 2017, em Bagé, o lucro por hectare, que era de R$ 11,87, caiu para R$ -151,76. O economista-chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz, aponta as crises envolvendo a JBS e a operação Carne Fraca como grandes responsáveis pelo resultado. Ele destaca que o levantamento inédito feito pelo Sistema Farsul, em parceria com a CNA e a Esalq/Cepea, mostra que a integração Lavoura/Pecuária, realizado em Santo Ângelo, apontam um aumento da rentabilidade, num movimento contrário às demais formas de produção.
O economista destaca que cada vez mais alguns fatores se tornam cada vez mais necessários para o agronegócio como a gestão das propriedades, planejamento, inovação e empreendedorismo. Ele lembra que o cenário já vinha sendo apontado pelos indicadores desenvolvidos pela Farsul, o Índices de Preços Recebidos pelo Produtor (IIPR) e índices de Preços dos Custos de Produção (IICP), que indicavam a tendência a queda da rentabilidade.