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Figura paterna vive contexto de transformações
Frente a uma sociedade sob constante mudança, o papel que os desempenham nas famílias pode mudar. A celebração da data dedicada a eles, neste domingo, também é momento de repensar a importância de figura paterna na formação dos filhos.
De acordo com dados de um levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Justiça, 5,5 milhões de crianças não possuem o nome do pai no registro. E esse é um número alto para uma nação com cerca de 207 milhões de pessoas.
Se há algumas décadas, a figura do pai remetia ao mantenedor do lar, com contato mais superficial com os filhos, visto mais como um suporte financeiro da família, há que se dizer que este papel foi se transformando no decorrer dos anos.
A psicóloga Dilce Helena Santos explica que os modelos de família sofreram alterações ao longo do tempo e, neste contexto, mudou também o modelo de pai. “Atualmente, exige-se do pai mais participação na criação, no cotidiano de tarefas domésticas que antes eram exclusividade da mãe, na educação tanto moral como emocional e afetiva de sua prole”, diz.
Ela destaca, ainda, que a mudança de postura do modelo de ação social e familiar do pai teve influência da revolução pós-guerra, “que levou as mulheres ao mercado de trabalho de modo decisivo além, é claro, das conquistas pós-feminismo”, conforme ressalta.
Segundo Dilce, apesar da postura ter sofrido alterações ao longo dos anos, o papel continua o mesmo. “Pai continua sendo modelo a ser seguido, referencial de homem, de confiança, estrutura primeira do código de valores do que venha a ser certo e errado e seu porquê”, analisa.
A psicóloga afirma que há muito o que se conquistar nesta área. Como exemplo, ela cita pais que ainda não ocuparam seu papel de educadores e de autoridade nas vidas dos filhos, porque confundem com autoritarismo, ou que acreditam que pagando pensão alimentícia e passando finais de semana juntos estão cumprindo seus deveres com os filhos. “Ainda é muito importante discutir este tema de modo que os pais compreendam e assumam seu papel no universo afetivo, familiar, cotidiano e social de seus filhos. Afinal, os filhos aprendem muito mais pelo exemplo de seus pais do que pelo discurso deles”, afirma.