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Fundação José e Auta Gomes tem deficit de R$ 15 mil mensais
Há mais de um ano, a Fundação Geriátrica José e Auta Gomes enfrenta problemas financeiros graves. A entidade tem como mantenedora a Santa Casa de Caridade de Bagé, que auxilia com a cedência de alguns funcionários da área de enfermagem, manutenção, lavanderia, pagamento de luz e um funcionário para o estacionamento. A instituição também recebe ajuda da população, porém isso não está sendo suficiente para a manutenção do local.
De acordo com a assistente social da fundação, Karen Fernandes Gonçalves, a despesa é maior do que a receita. Ela conta que atualmente estão sendo atendidos 47 idosos, por cada um é recolhido um salário mínimo, mas a despesa por pessoa é de no mínimo R$ 2 mil. “Temos em torno de R$ 15 mil de deficit mensal”, ressalta.
Conforme Karen, a fundação serve cinco refeições diárias, atendimento médico, enfermagem 24h e fisioterapia de segunda a sexta-feira. Para isso, mantém 34 funcionários na folha de pagamento. “Temos 12 pessoas em perícia médica, o que diminuiu o custo”, disse.
A presidente do conselho diretor da fundação, Zazi Vargas, informa que a instituição não fechou em virtude do auxílio da população. “Há meses em que diminui os donativos e é necessário complementar no custeio”, observa. Segundo ela alguns municípios, como Aceguá, aumentaram em 60% o valor do repasse por idoso, por determinação do Ministério Público.
Zazi ressalta que a maioria dos idosos internados é de Bagé, mas o município não repassa nenhum valor para a instituição. Um dos entraves é o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, que entrou em vigor em julho de 2016, impedindo o convênio com as entidades. “Não nos encaixamos no marco, por sermos uma fundação e não termos nenhum convênio nas esferas federal, estadual e municipal”, pondera.
Segundo a presidente, a maior parte das internações são oriundas de medidas protetivas encaminhadas pelo poder Judiciário e Ministério Público. Ela explica que para manter a fundação seria necessária a manutenção de parcerias com órgãos públicos, para que fosse repassado alguns valores. “Precisamos de, no mínimo, R$ 15 mil mensais para suprir o deficit”, informa.
O balanço contábil da fundação, no ano passado, concluiu que o deficit foi cerca de R$ 50 mil. Foram arrecadados R$ 744 mil e gastos R$ 792 mil. “Além dos alimentos, material de limpeza e higiene, precisamos de recursos financeiros para suprir as necessidades dos idosos” enfatiza.
Para a presidente, é necessário um maior comprometimento do município. Ela salienta que se a instituição fechar as portas, a prefeitura terá que pagar para que os idosos sejam acolhidos em outras casas fora de Bagé.
Assistência Social
De acordo com o secretário municipal de Assistência Social, Habitação e Direito do Idoso, Carlos Adriano Carneiro (Esquerda), em virtude do marco regulatório, o município não pode realizar convênio com nenhuma instituição. Ele salienta que já foi encaminhado para a Secretaria Municipal de Gestão, Planejamento e Captação de Recursos (Geplan) o termo de colaboração para que sejam firmadas as parcerias com as entidades. “Em Bagé, nove serão contempladas, mas não inclui a fundação”, conta.
O secretário esclarece que, neste primeiro momento, serão atendidas as entidades que tinham convênio antes do marco. Após seis meses, será aberto um novo edital para que as instituições se habilitem e a fundação possa participar. “Neste primeiro momento, estamos aguardando o parecer jurídico, a publicação e o decreto do prefeito para firmar as parcerias”, informa.