Editorial
Novo olhar sobre o Pampa
O bioma Pampa não é considerado como patrimônio nacional. A caracterização depende de uma alteração na Constituição. Uma proposta, neste sentido, tramita no Senado desde 2009, mas com poucos avanços. No ano passado, inclusive, a Casa sediou debate para pressionar os parlamentares. O saldo desta estratégica, que forçou uma agenda positiva em relação aos campos sulinos, é singelo, mas pode evoluir. Agora, pelo menos, existe espaço na pauta de investimentos relacionados à preservação.
Por meio de seis chamadas públicas, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações vai selecionar projetos que integrem soluções de impacto social a partir da interseção entre as seguranças hídrica, energética e alimentar em cinco biomas. A lista, surpreendentemente, inclui o Pampa. Os recursos serão distribuídos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) que, além de promover os editais, também realizará feiras, mostras e olimpíadas científicas. O contexto é positivo para a retomada do debate sobre a valorização da vegetação que integra a cultura dos gaúchos.
O investimento integra o planejamento ligado à Agenda 2030, acordo internacional, firmado através da Organização das Nações Unidas (ONU), que estabelece 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. As diretrizes foram criadas para estimular ações voltadas à erradicação da pobreza, segurança alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, mudança do clima, cidades sustentáveis, industrialização, infraestrutura e proteção dos ecossistemas terrestres. O principal avanço, para o Pampa, é o reconhecimento da responsabilidade do Brasil sobre a biodiversidade de uma região única no mundo.