ELLAS
A dona Julietinha Bandeira
Setembro em Bagé. O vento precursor da primavera faz ondear as roupas nos varais, e agita dentro de nós as lembranças. Memórias das meninas que fomos, na década de sessenta, ansiosas a esperar nosso primeiro baile, anelantes e receosas das coisas que a vida nos traria... O futuro estava ali à espera, atrás das portas vetustas do Clube Comercial, onde fariam sua estreia nossos jovens quinze anos.
Inexperientes e tímidas, nossos corações batiam forte à ideia de enfrentar os desafios da vida adulta em sociedade. Foi então que uma pessoa muito especial nos proporcionou segurança, estendeu-nos sua mão generosa e sábia, guiou-nos pelos meandros das convenções sociais e do que se esperava de mocinhas bem-educadas – Dona Julietinha Bandeira, mestra das boas-maneiras e da etiqueta, bondosa condutora de meninas inseguras, carinhosa professora que, com sua simplicidade elegante, deu-nos lições inesquecíveis de como ser mulheres que sabem representar seu papel social em toda a plenitude. A cada uma de suas debutantes - e foram gerações delas - dedicou seu tempo e seus amorosos conselhos, a todas encantou com seu charme e simpatia.
Sempre foi intensa, entregando-se com alegria às tarefas que desempenhava. Nunca foi Julieta, sempre foi Julietinha, carinhosamente. Tornou-se nosso modelo de mulher elegante e fina, figura de proa da sociedade bageense, esposa, mãe e depois avó em toda a extensão desses termos.
Neste mês das debutantes, nós, meninas de outrora, voltamos a nos reunir para homenagear e reverenciar dona Julietinha, afirmando-lhe que seu trabalho deu frutos, que ainda hoje repassamos muitos de seus ensinamentos a filhas e netas, que a admiramos e amamos pelo que ela sempre representou e representará: a grandeza, a elegância, o caráter e a dimensão universal da mulher de nossa terra.
Dona Julietinha Bandeira, receba nosso carinho e nossa mais profunda gratidão.
#Homenagem das Meninas de Bagé – Debutantes dos anos 60