Editorial
Esforço recompensado
Se você tem mais de 30 anos, certamente lembra da campanha institucional do governo contra os clorofluorcarbonos (CFCs). Quem nasceu na década de 1980, certamente aprendeu, na escola, os efeitos nocivos destes compostos, presentes, à época, nas geladeiras. Com algumas alterações em nível de legislação e um pouco de pressão sobre a indústria, o Brasil reduziu em 34% o consumo de substâncias que prejudicam a camada de ozônio. O esforço, porém, bem que poderia servir de modelo para outras demandas.
Na condição de signatário do Protocolo de Montreal, assinado em 1987, visando a queda no uso de elementos usados pelos setores de refrigeração e espumas, o País antecipou as metas em três anos. A redução do consumo de hidroclorofluorcarbonos é crucial, tendo em vista que o estrato é responsável por filtrar os raios solares, cuja incidência está associada ao aparecimento de doenças como o câncer de pele. É, também, um dos combustíveis para o aquecimento global. É importante destacar que esta é uma resposta do setor privado a uma condição irrevogável, imposta pelo governo.
A conquista, do ponto de vista institucional, é simbólica. Neste campo específico, o poder público contribui decisivamente com os esforços para conter o aquecimento global. Em outros terrenos, entretanto, posturas adversas começam a prevalecer, colocando em risco os pequenos avanços. Levantamento divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por exemplo, revela que 7.893 km² da Amazônia foram desmatados entre agosto de 2015 e julho de 2016. Diante de uma nova lógica, que considera a extinção de reservas ou áreas de preservação permanente, quem dita as regras são os conglomerados.