Editorial
Pioneirismo social
Enquanto a ascensão das redes sociais suscita teorias sobre isolamento dos indivíduos e recebe críticas sobre o potencial de reunir comentários desinformados em temas que exigem melhores esclarecimentos, o bajeense parece ter encontrado um caminho do meio entre a alienação da opinião pura e o ativismo propositivo. Se por um lado o espaço virtual das redes tem liberado manifestações de ódio, julgamentos preconceituosos antes só compartilhados em grupos de amigos que de certa maneira “se compreendiam”, também é verdade que esse fenômeno estabelece uma nova pauta de debates. O problema é o tipo de discussão que se entabula.
Enquanto as manifestações da internet tendem a se tornar agressivas, pois são entabuladas entre grupos de “amigos” que na verdade nem são tão conhecidos assim, o resultado de tais esgrimas virtuais, no mais das vezes, é a exclusão de debatedores de ambos os lados. Essa aparente democracia não dá provas de estar contribuindo para o avanço do conhecimento em torno de temas importantes que sempre permearam a sociedade. Mas Bagé parece ter encontrado espaços para compartilhar estes temas de maneira direta e real.
O pioneirismo da Rainha da Fronteira em trazer temas da rede para as ruas se deu ainda antes das passeatas de 2013, que revelaram o potencial de organização advindo de grupos de internet. Antes de outras cidades já se fazia manifestação no centro da cidade para exigir ética na política. Agora, a questão da cura gay foi levada à praça pública para o diálogo, reunindo grupos de ativistas e simpatizantes numa demonstração de presença positiva no sentido de buscar esclarecimentos para todos.
Assim, o que fica é a impressão de que a população local encontra seus próprios caminhos para elucidar temas limítrofes. É sempre bom lembrar que o bom debate é aquele em que todos saem ganhando.