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Francisco Botelho é um dos finalistas do Prêmio Jabuti
Pela segunda vez, o jornalista bajeense José Francisco Botelho foi indicado ao Prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira. A indicação se deve à tradução de Romeu e Julieta, publicada pela editora Companhia das Letras. Em 2014, Botelho já havia sido finalista do prêmio, com a tradução de Contos da Cantuária, do inglês Geoffrey Chaucer, indicado na categoria de tradução do Inglês Médio para o Português.
Botelho conta que a tradução realizada por ele, de uma das obras mais conhecidas de William Shakespeare, foi feita em 2016. A própria editora, reconhecendo a excelência do trabalho, indicou o livro ao prêmio. Agora, já como finalista, o bajeense concorre com outros nove nomes, como Fernando Klabin, indicado pela tradução de Uma outra Juventude, Rita Kohl, que traduziu Ouça a Canção do Vento/Pinball, e Felipe Fortuna, tradutor de Briggflatts. “Eu, na verdade, não sabia que estava concorrendo. Apenas estar entre os finalistas já é uma grande honra. É muito legal ver esse reconhecimento nacional do trabalho de tradução poética feita em solo gaúcho. No ano passado, o Lawrence Flores Pereira, de Santa Maria, ganhou o Jabuti por sua tradução de Hamlet”, comenta.
O jornalista acredita que o reconhecimento de seu trabalho se deve ao cuidado com as particularidades do texto. “Na minha tradução de Romeu e Julieta, eu uso diferentes tipos de verso para dar fluência ao texto, dissipando aquela associação de obras clássicas a algo tedioso e incompreensível, e também recrio o lado humorístico da peça, que em geral é esquecido. A primeira metade da peça era vista como bastante cômica, mas as piadas shakesperianas são baseadas em trocadilhos, perdendo-se facilmente na tradução. No meu trabalho, evitei essa perda reinventando as piadas de forma que funcionassem em português”, explica.
Atualmente, Botelho atua em várias frentes de trabalho, entre elas a tradução de outras obras de Shakespeare, a exemplo de Júlio César, que deve ser publicada ainda em 2017, pela Companhia das Letras. Além disso, também faz traduções literárias para outras editoras e mantém coluna na revista Veja e no blog Estado da Arte (Estadão).
Seu livro de contos "A árvore que falava aramaico" recebeu uma indicação ao prêmio Açorianos, em 2012. Botelho também traduziu obras de Bram Stoker e Arthur Conan Doyle.