Editorial
Pelo sim, pelo não
Todos podem dizer que separar os estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina do resto do Brasil é um tema árido. Mas o que não se pode dizer do grupo que apresenta essa proposta, seja você um ferrenho separatista ou um defensor da unidade nacional brasileira, é que eles tenham medo do resultado. E o principal argumento em defesa do seu método de trabalho é o fato de eles irem direto às ruas para levantar o número de reais apoiadores.
Em tempos de batalhas virtuais pelas redes sociais, onde grupos tentam convencer possíveis oponentes mediante fatos e versões nem sempre republicanas, o pessoal do movimento "O Sul é meu país" optou por um embate bem real. Assim, foram às ruas oferecer seu questionamento. Quem decide se ele é plausível, viável ou realista deve ser o pessoal da calçada, num processo no mínimo direto e democrático.
Contudo, não é só porque a metodologia do trabalho parece respeitosa e ponderada que seu objetivo deva ser alcançado. Uma análise rápida e despretensiosa dos números apresentados em Bagé já dá condições de perceber que o resultado de votos favoráveis corresponde seguramente ao contingente de cidadãos que já estão mobilizados em torno do tema. Conforme informações recolhidas pela reportagem, 1.172 pessoas votaram favoráveis à proposta de separação enquanto apenas 32 disseram não. Tamanha diferença e unanimidade pode significar que foram às urnas votar pelo sim exatamente aqueles que consideram o assunto algo importante e, por isso, já predispostos a apoiá-lo. Os demais, ao que os dados parecem revelar, não foram ainda sensibilizados pelo movimento. Ou nem querem saber de discutir a separação de estados antes de se resolver questões profundas que põem em jogo o futuro do Brasil.
De qualquer maneira, pelo sim ou pelo não, vale a pena ficar atentos aos desdobramentos e progressos destas propostas, afinal, em tempos de descontentamentos é que se sobressaem as surpresas.