Editorial
Alternativa sobre duas rodas
Mais de 65 mil veículos automotores circulam pelas ruas de Bagé. A frota bajeense, aliás, é a 18ª em um universo de 497 municípios. Benéfico para os cofres da prefeitura, que absorve metade dos valores correspondentes ao Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), esse volume impõe desafios de mobilidade a uma cidade bicentenária. Alternativas existem. E se elas não ganham espaço apenas por iniciativa das consciências, que ganhem, então, por conta de empurrõezinhos da lei.
O incentivo tende a vir de Brasília. Isso porque prefeituras poderão ser obrigadas a definir percentuais mínimos, em estacionamentos públicos e privados, para bicicletários, por força de uma medida já foi aprovada pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados. Tramitando em caráter conclusivo, a proposta de lei determina que a construção ou a ampliação de edifícios públicos deverá prever a instalação de espaços para ciclistas. Não é a toa que a ideia de forçar gestores a se preocupar com um veículo capaz alterar o perfil do trânsito merece prosperar.
Seis propostas estabelecendo soluções semelhantes foram apresentadas à Casa desde 2010. Coube ao deputado Hugo Leal, do PSB do Rio de Janeiro, compilar estas proposições, incluindo as novas regulamentações na Política Nacional de Mobilidade Urbana. Bagé se adiantou, estabelecendo, em 2015, a denominada Lei da Bicicleta. O que se espera do novo marco no incentivo ao uso do veículo, entretanto, é uma maior efetividade em detrimento das regulamentações locais.