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Ocorrência do anfibio rã-touro ,em Candiota e Aceguá, preocupa ambientalistas
O anfíbio rã-touro (Lithobates catesbeianus), espécie nativa dos Estados Unidos, que foi introduzida no Brasil para alimentação, no ano de 1935, está preocupando biólogos do Brasil e do Uruguai. O animal é considerado uma das 100 piores espécies invasoras do mundo devido a sua alta capacidade de competir por recursos alimentares, predar uma grande diversidade de organismos e acarretar doenças altamente prejudiciais a outros organismos.
O tema vem sendo discutido no lado uruguaio de Aceguá, onde a rã-touro foi detectada em 23 açudes. Conforme o alcalde do município, Ruben Almeida, um grupo de pesquisadores universitários da capital já esteve na cidade realizando um levantamento. “Serão montadas comitivas para realizar a caça ao anfíbio”, disse. No lado brasileiro de Aceguá ainda não foi apontado nenhum registro, segundo a coordenadoria de meio ambiente do município.
O animal foi trazido para o Uruguai em 1987 para a comercialização da carne. Como o negócio não prosperou, as rãs-touro foram soltas na natureza. O problema é que o anfíbio não tem predador natural e pode causar um desequilíbrio ambiental por se alimentar, quando adulta, de vegetais, anfíbios, peixes, cobras, lagartos, aves e pequenos mamíferos.
Adaptação
De acordo com a bióloga, doutora em zoologia e coordenadora de Projetos de Pesquisa e Extensão da Universidade da Região da Campanha (Urcamp), Lize Helena Cappellari, a incidência desse animal representa, atualmente, um enorme problema ambiental, visto que além de adaptar-se facilmente a ambientes antropizados (alterados) é extremamente voraz. Segundo Lize, quando ocorre falta de alimento, o anfíbio pode praticar até o canibalismo. “Cada fêmea pode depositar até vinte mil ovos, desovando várias vezes ao ano”, conta.
A bióloga salienta que esse tipo de animal vive por até nove anos e se adapta em, praticamente, qualquer ambiente (rios, riachos, lagoas), mesmo em elevados níveis de poluição. “Isso faz com que essa rã tenha sido apontada como a causa do declínio de algumas espécies de anfíbios”, argumenta.
Segundo a pesquisadora, a rã-touro já foi encontrada em mais de 20 municípios de Estado, sendo mais comum no norte. “Na região da Campanha, existe um registro de ocorrência do anfíbio no município de Candiota”, alerta. Para a doutora, devem ser realizadas ações de manejo e educação ambiental para conter a expansão geográfica desse animal, evitando ou minimizando os impactos causados por eles.