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A relação da “Ética e Inovação Social” no Congrega Urcamp 2017
por CLAUDENIR MUNHOZ e AUGUSTHO SOARES
A noite de quarta-feira, 25, foi marcada pela conferência da temática do Congrega Urcamp 2017. Com o enfoque em “Ética e Inovação Social”, o doutor em Educação e docente da Universidade Feevale, Gabriel Grabowski, discutiu com os professores, acadêmicos e convidados as diferenças e os conceitos do tema. Segundo o palestrante, a sociedade precisa entender a relação de ética e inovação, pois há uma confusão e dificuldade no esclarecimento desse tema. “A ética é um conjunto de valores. Ela estuda o comportamento da moral”, disse.
Gabriel apontou que, em razão da tecnologia, a sociedade está vivendo isoladamente, mais igualitária. “Para termos inovação é preciso retomar a vida juntos. Retomar práticas de comunicação e vivência social, pois estamos perdendo na modernidade”, comentou.
O docente frisou que a comunidade precisa tomar consciência e evidenciar práticas e buscar a relação direta, presencial com a sociedade. A instituição de ensino, de acordo com ele, pode contribuir com as relações sociais, por meio de projetos de ações e de extensão nas comunidades. “Um processo social de coletividade, envolvendo professores, pesquisadores para aprender. Não aprendemos sozinhos”.
Grabowski enfatizou, também, que “só serei ético se o outro reconhecer isso. A ética é a concepção de valores e a moral é a prática”. Por fim, ele acrescentou que o ensino brasileiro, nas instituições, é visto apenas como “ensino” e não como pesquisa, inovação e tecnologia.
Profissão catador
O Projeto Profissão Catador, realizado pela Universidade de Cruz Alta (Unicruz) foi apresentado durante a noite. A presidente da Fundação Unicruz, Enedina Teixeira e o catador do projeto, Thiago Dias do Nascimento, 26 anos, explanaram detalhes da iniciativa para os ouvintes na sede da Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB).
Enedina iniciou a palestra fazendo uma breve explicação sobre a Inatecsocial, incubadora e aceleradora institucional impulsionada através do Profissão Catador que, desde 2015, abrange os projetos institucionais e empreendimentos que visem atuar na área de sustentabilidade. Enedina explicou que a proposta se baseia em criar uma base de apoio e capacitação para os profissionais que trabalham com o recolhimento e separação de resíduos sólidos recicláveis.
A iniciativa surgiu há 11 anos, a partir de uma demanda da comunidade, que se preocupava com a situação de trabalho dos catadores locais, muitas vezes, explorados por empregadores. Hoje, o projeto conta com uma equipe de oito funcionários mobilizados, além do apoio da comunidade local. O trabalho realizado já mostra resultados favoráveis, com aumento de 208% na renda anual dos profissionais da região, também se destacando em todo o Estado, como um dos ganhadores do Prêmio Educação RS 2017.
Seguindo na explanação, Nascimento fez o relato sobre a organização do trabalho dos catadores, que atualmente são estruturados em grupos pertencentes a quatro associações no município de Cruz Alta, além de unidades em Tupanciretã, Ibirubá, Salto do Jacuí e Júlio de Castilhos. O catador conta que trabalha há três anos no projeto. O profissional destaca que, neste período, os profissionais da categoria estão com maior representatividade nas decisões do município e região. “Estamos ganhando um maior reconhecimento da comunidade e do poder público”, destaca.
O Profissão Catador é patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental, pela Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), também contando com o apoio de 124 empresas parceiras.