Cidade
Seminário discute saúde da população negra
Visando ampliar o debate sobre a anemia falciforme e outras doenças predominantes na população negra, além de fortalecer as estratégias de combate ao racismo institucional, o seminário “Política Integral de Saúde da População Negra” aconteceu na sexta-feira, no salão nobre da Prefeitura de Bagé.
Realizado desde 2013, pelo Grupo Identidade das Faculdades EST, o evento em Bagé é uma iniciativa da Pastoral Afro-Brasileira em parceria com o Executivo Municipal e apoiado pela Associação Gaúcha de Doença Falciforme (Agafal).
Segundo a coordenadora do Grupo Identidade, Selenir Gonçalves Kronbauer, a iniciativa pretende atualizar o público geral e os profissionais da saúde municipal sobre a situação atual da saúde da população negra, além de explicar as consequências geradas pela falta de uma estrutura para atendimento específico a este grupo.
Selenir conta que o encontro já aconteceu em 12 municípios do estado e obteve resultados favoráveis, com o apoio das prefeituras locais para ampliar os serviços voltados para a população negra. A coordenadora acredita que o evento também trará benefícios para a saúde em Bagé.
O acontecimento iniciou às 9h30min, com a apresentação de um painel com o panorama das ações no município para a saúde da população negra. Em seguida, o bacharel em Direito e militante da Comissão Permanente de Combate ao Racismo Institucional do Ministério da Saúde, Stênio Dias Pinto, palestrou sobre o “Racismo Institucional como Determinante e Condicionante Racial: Fator de Desigualdade e Violência”.
Pela tarde, a presidente da Associação Gaúcha de Doença Falciforme (Agafal), Neusa Carvalho, falou sobre a Anemia Falciforme e demais especificidades da saúde da população negra. Neusa revela que entrou na luta contra a anemia falciforme após seu filho, hoje com 31 anos, ser diagnosticado com a doença, aos três anos.
A palestrante conta que a anemia falciforme é a doença genética com maior número de incidências no mundo, também sendo uma das mais comuns no Brasil. É caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos, tornando-os parecidos com uma foice. Essas células têm sua membrana alterada e se rompem mais facilmente, causando anemia e dores no corpo.
Atualmente, a enfermidade não tem cura, mas o tratamento especializado pode dar uma vida normal aos pacientes. Desde 1999, o diagnóstico da doença está inserido no teste do pezinho, que proporciona a detecção precoce de hemoglobinopatias (doenças que afetam a hemoglobina).