Editorial
Salto negativo
O Brasil caiu 11 posições no ranking de países estabelecido a partir do Relatório de Desigualdade Global de Gênero, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial. O país ocupa, agora, a 90ª colocação. A queda, em relação à primeira edição da pesquisa, que data de 2006, foi de 23 posições. O resultado deste ano, aliás, interrompe um ciclo de evolução, que havia pautado os últimos cinco anos. E o trampolim para este salto negativo é eminentemente político.
A redução da participação feminina nas decisões influenciou decisivamente na avaliação, divulgada pela Agência Brasil. Os quatro pilares do relatório, que dispõem sobre o acesso à educação, saúde, oportunidade econômica e empoderamento, apresentaram piora na comparação entre homens e mulheres. O levantamento do Fórum revela, por outro lado, pequenos avanços no campo da participação econômica. Nada que mereça ser comemorado, principalmente diante dos resultados de outras nações.
Ainda temos muito a aprender com a Islândia, país que resolveu 88% da desigualdade de gênero, liderando o ranking há nove anos. Também podemos analisar as soluções desenvolvidas pela Noruega, Finlândia, Ruanda e Suécia, que aparecem na sequência. A vizinha Bolívia, que ocupa a 17ª posição, em nível mundial, é o exemplo a ser seguido, em terreno sul-americano. No Brasil, a igualdade de gênero funciona muito bem no discurso. É só com a prática, porém, que poderemos alcançar uma condição de justiça social.