Editorial
Assumindo o risco
Dirigir com o celular em mãos é um ato definido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) como uma infração gravíssima. A legislação prevê, inclusive, a perda de sete pontos na carteira de habilitação e multa de R$ 293. A punição severa, porém, parece não representar ameaça. Mais da metade dos condutores admitem a prática, reconhecendo as sanções cabíveis. Pesquisa realizada pela Arteris, companhia do setor de concessões de rodovias, revelam o desconcertante trunfo da imprudência.
O levantamento demonstra que 51,9% dos condutores dirigem com celular em mãos, ainda que raramente. O estudo, que abrangeu 2.686 motoristas, das cinco regiões do Brasil, aborda quatro eixos de análise – uso do cinto de segurança, direção após o consumo de bebida alcoólica, desrespeito aos limites de velocidade e uso do celular ao volante. O único indicador que apresentou melhoria em relação aos dados coletados no ano passado diz respeito à velocidade. Restam, portanto, poucos motivos para comemorar.
No tocante ao uso do celular, os perigos são notórios. Pesquisa desenvolvida pela Universidade de Utah, nos Estados Unidos, revelou que o risco de se envolver em um acidente quando o condutor está usando o telefone pode aumentar em até 400%. Entre os condutores consultados pela Arteris, que afirmaram não usar o celular enquanto estão ao volante, 74,7% se negam a fazê-lo por questões de segurança. O que falta é ação diante deste reconhecimento.