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Benefícios do enriquecimento ambiental para gato domiciliado
O número de felinos domésticos como animais de companhia está crescendo a nível mundial. Conhecendo melhor o comportamento dos gatos, percebe-se que as principais queixas relatadas por proprietários, tais como: marcação territorial com urina; arranhadura de móveis e pessoas; eliminação inapropriada de urina e fezes; medo de pessoas estranhas; ansiedade e fobias; agressão entre gatos; agressão contra humanos; automutilação, brigas e vocalização noturna nada mais são do que comportamentos da espécie. Diversos fatores podem influenciar o comportamento de felinos domésticos, mas nenhum se sobressai tanto quanto o estresse, que pode ocasionar mudanças de comportamento e desencadear várias enfermidades, como, por exemplo, problemas no sistema urinário. O felino doméstico, Felis silvestris catus, vive em grupos sociais, no qual os filhotes vivem com suas mães por várias semanas após o nascimento, até serem capazes de caçar sozinhos. Ainda é considerado uma espécie que mantem hábitos dos seus ancestrais, como caçar (predador) e sentir-se ameaçado (presa), o que leva ao hábito de escolherem locais elevados. O animal domiciliado tende a ficar sedentário, o que, aliado à sua fisiologia, ingere menos água e concentra muito sua urina. Não se exercita para comer, pois o alimento é oferecido de forma constante, o que acaba levando o animal ao aumento de peso. A falta de distração pode levar ao estresse, que provoca alterações no comportamento normal destes indivíduos. A estimulação excessiva do sistema nervoso simpático altera o funcionamento hipotalâmico e hormonal, particularmente das glândulas adrenais. A cronicidade desse estado prejudica o funcionamento do sistema imunológico, podendo levar então a um declínio fisiológico e psicológico. Mudanças e falta de controle sobre o ambiente, confinamento, trauma físico e dor, superpopulação, exposição contínua a ruídos de alta frequência, desamparo e luto são apenas alguns exemplos de fatores estressantes comuns que levam os gatos a um quadro de frustração. Estudos têm mostrado efeitos do enriquecimento ambiental não só no sistema nervoso central, mas também na promoção de bem-estar. O enriquecimento ambiental é realizado com distribuição de prateleiras em diferentes níveis, pratos de comida e água fresca separados, número de bandejas sanitárias apropriado (número de gatos mais uma) em locais espalhados pela casa, brinquedos e arranhadores, janelas acessíveis (com telas) para observação. Atualmente o enriquecimento ambiental, em associação ao tratamento medicamentoso, no caso de cistites recidivantes, vem demonstrando excelentes resultados. Portanto, deixar o ambiente domiciliar atrativo simulando atividades semelhantes ao seu ambiente natural, possibilita distração, diminuindo o estresse, propiciando bem-estar e reduzindo enfermidades ou contribuindo para a cura. Caso seu gato demostre comportamento estranho, converse com seu médico veterinário, pois ele será capaz de detectar se essa alteração é caso de doença ou está associada a necessidades de mudar a rotina do seu bichano.
Esse artigo foi escrito pelos alunos da disciplina de clínica de pequenos animais:
Patrícia Eisenkrämer, Gabriel Silveira Sousa e Marcelo Pires França, sob orientação de Regina Pereira Reiniger