Editorial
Por uma solução racional
Diante de um cenário de baixa disponibilidade hídrica, o reuso de água pode simbolizar uma alternativa tática, em nível de planejamento. O processo pode ser feito para suprir diferentes demandas. O reuso não potável, por exemplo, serve para as atividades agrícolas. O recurso também pode ser reutilizado pela indústria e até para fins recreacionais. Por falta de incentivo, essa prática tão multifacetada ainda é incipiente no Brasil. Mas isso pode mudar por força da lei.
A proposta que estabelece incentivos fiscais para o reuso de água e a utilização de sistemas de aquecimento de água com energia solar, aprovada na semana passada, pela Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados, determina que os planos diretores das cidades devem definir critérios básicos para a conservação da água. A medida prevê, ainda, o estabelecimento de tarifas diferenciadas para os denominados 'imóveis verdes'. Estimular o uso racional, através de soluções ecológicas, deixou de ser uma estratégia para se tornar uma obrigação. Estamos falando de uma via sem volta.
A utilização da água está no centro do debate sobre a sustentabilidade. O tratamento desse recurso finito, crucial para o desenvolvimento social e econômico de qualquer cidade, não pode ser negligenciado. O engajamento das autoridades ainda é tímido perante o desafio que precisa ser superado. Já passou da hora dessa questão assumir posição de destaque na lista de prioridades dos gestores. A criação da lei é um passo importante. A caminhada no sentido de novas soluções, entretanto, ainda é muito longa.