Cidade
Agricultura e pecuária unidas no pampa gaúcho
O cultivo de arroz faz parte do cenário rural na região da Campanha. Mas a plantação de soja é outra cultura que vem demonstrando crescimento significativo. Conforme estudo realizado pelo Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Nespro/UFRGS), entre 2014 e 2015, a área plantada de soja no Rio Grande do Sul aumentou 9,7%. Na Campanha, o Nespro aponta que, em 2015, a área total plantada foi de 5.467.305 hectares. Enquanto isso, a pecuária tem elevação de 1,2% de seu rebanho ao ano. Em 2015, o rebanho geral do Estado era de 14.006.431 de bovinos de corte, leite e misto. Deste total, 4.772.247 estão na região da Campanha.
A expansão da soja
O engenheiro agrônomo, Marcelo Pilon, analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Pecuária Sul, explica o fenômeno. “A valorização do produto fez com que produtores de outras regiões passassem a buscar áreas de campos altos na campanha para investir em lavouras de soja”, explica. Pilon recorda que no Pampa as culturas predominantes eram a criação de gado em áreas de campos altos e o cultivo de arroz em regiões de várzea. “Onde é plantado o arroz não houve tanto impacto, pois, nesses locais com solo encharcado é difícil introduzir outras culturas”, elucida. O especialista afirma que a soja está consolidada na metade sul do Estado há cerca de 10 anos. “O acesso à tecnologia por parte dos produtores fez com que a produtividade das lavouras obtivesse números satisfatórios”, complementa. O agrônomo também explica que essa nova cultura não afeta na criação de bovinos, principal atividade do campo no pampa. “Isso viabilizou a implantação de consórcios lavoura - pecuária nos campos altos, o que beneficia as duas atividades”, diz.
Integração
A Integração Lavoura-Pecuária (ILP) é uma associação entre cultivos agrícolas e produção animal que se faz em diferentes partes do mundo, com os mais diferentes propósitos. A ILP é uma cultura que existe há mais de um século, porém, conforme especialistas, se consolidou no pampa nos últimos dez anos, junto com a expansão da soja. Conforme Pilon, a justificativa atual apontada pelos pesquisadores é de que a agricultura tem sido notabilizada pelo alto risco operacional dos sistemas baseados na monocultura e pelos temores ambientais e econômicos trazidos por uma atividade que é, de forma geral, intensiva, descompromissada com os impactos ambientais. “Nesse cenário, a integração lavoura-pecuária tem sido reconhecida como opção harmônica de produção, em que se pode almejar, de forma simultânea, intensificação e sustentabilidade”, argumenta.