Editorial
Desigualdade desconcertante
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), recentemente, revela um cenário desconcertante. O levantamento não apenas reforça a ideia de que a desigualdade se dá em diferentes níveis, como aponta para uma nova tendência de concentração de renda. E o pior é que muito pouco está sendo feito para reverter o cenário.
O IBGE divulgou, por meio de nota, que, em 2016, “as pessoas situadas na parcela de 1% dos maiores rendimentos de trabalho recebiam, em média, R$ 27.085, enquanto a metade de menor renda recebia R$ 747, em um país cujo rendimento médio mensal de todos os trabalhos foi de R$ 2.149”. Ainda no ano passado, conforme a pesquisa, “os 10% com maiores rendimentos concentravam 43,4% de todas as fontes de renda recebidas no Brasil”. O gênero tem peso na discussão sobre desigualdade.
As mulheres, embora representem bem mais da metade da população em idade de trabalhar, ainda são minoria no mercado. Como destaca a Pnad, pelo menos 57,5% dos postos de trabalho são ocupados por homens. A política salarial também é injusta. No ano passada, elas receberam, em média, 22,9% menos, aproximadamente R$ 1.836. A radiografia demonstra aspectos injustificáveis, que precisam ser contrapostos. Falta apenas um plano de ação capaz de produzir efeito cultural.