Cidade
Inaugurada revitalização da Hidráulica Nêd Medina Quintana
A noite de quinta-feira, 14, foi marcada por homenagem durante a solenidade de inauguração do projeto “Memorial da Água”, que consiste na revitalização da antiga Hidráulica de Bagé, denominada de Nêd Medina Quintana, conforme lei municipal nº 5.519, de 24 de julho de 2015. A proposição do nome para o local na época foi do vereador Omar Ghani, a qual foi aprovada pelo Legislativo e sancionada pelo Executivo.
Na cerimônia, a filha do homenageado, Lia Maria Herzer Quintana, presidente da Fundação Áttila Taborda e reitora da Universidade da Região da Campanha (FAT/Urcamp), falou que seu pai esteve sempre a frente do tempo, lembrando que, Nêd começou seu trabalho com tira linha e régua de cálculo e morreu desenhando no computador e usando programas de cálculo. “Esta homenagem muito nos orgulha, pois dedicou sua vida ao efetivo exercício profissional”, disse. Lia ainda destacou que aprendeu com seu pai que é somente do trabalho, estudo, ética e dedicação que são reconhecidos. “Ensinou-me a ser e não ter. Quanto mais ensinamento se faz, mais conhecimentos adquirimos”, completou.
O diretor do Departamento de Água, Arroios e Esgotos de Bagé (Daeb), Volmir Silveira, salientou que o local se tornará um ponto turístico, com resgate histórico e cultural. O vice-prefeito, Manoel Machado, frisou que o momento é importante, visto que a inauguração da obra representa um ano de trabalho da nova gestão. “Vamos lutar para chegar ao patamar que Bagé merece”, enfatizou. Machado informou que melhorias ainda serão realizadas na hidráulica e evidenciou o trabalho desenvolvido por Nêd Quintana na sociedade. “Foi um profissional dedicado em sua área e seu nome está na mente e no coração de todos e jamais será esquecido nas próximas gerações”.
A solenidade ainda contou com a bênção do padre Olindo Carlini e com a participação de profissionais envolvidos no projeto. Após a cerimônia, na Casa de Filtros, foi descerrada a placa em homenagem a Quintana.
Saiba mais
O Memorial da Água é composto pelo Museu da Água (Casa de Filtros), que engloba áreas de exposição, auditório, pesquisa, sanitários e administração; Escola Ambiental, composta por salas de aula, sala de pesquisa, cantina, recepção e sanitários adaptados; Casa de Registros, construída nas primeiras décadas do século 20; e Jardim Histórico.
O projeto de revitalização estava aprovado a cerca de 10 anos e foi financiado pelo Ministério da Cultura e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), via Lei Rouanet. O trabalho consistiu numa parceria entre prefeitura, Daeb e Associação de Amigos do Instituto Municipal de Belas Artes (Amimba). A proposta é assinada pelos profissionais Margot Menezes Jardim, Maria de Fátima Barbosa, Marcelo David e Diana Cunha. O local estará aberto aos fins de semana para visitação.
Engenheiro Nêd Medina Quintana
Nêd Medina Quintana nasceu em 14 de setembro de 1933. Natural de Pinheiro Machado, formou-se em Engenharia Civil no ano de 1963 pela Escola de Engenharia da Universidade do Rio Grande do Sul. Concluiu curso de aperfeiçoamento para professores de física; especialização técnica de bombas hidráulicas e de introdução ao tratamento de despejos industriais. O profissional também participou de eventos na área, como, por exemplo, do Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações; Congresso e Seminário de Área Tecnológica.
Quintana teve importante participação na sociedade, onde foi um dos fundadores do Núcleo de Engenheiros e Arquitetos de Bagé, em 1968, e integrou a inspetoria do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) na Rainha da Fronteira.
O trabalho do engenheiro sobre “Drenagens de taludes de jusante com utilização de geotêxteis em barragens de terra foi publicado pela Rhodia (Bidin), além de se destacar em primeiro lugar em concursos com os projetos da Estação Rodoviária de Bagé, barragem da Sanga Rasa e da Estação de Tratamento de Água (ETA) da Rainha da Fronteira.
Com 37 anos de efetivo exercício profissional, Quintana morreu em março de 2002, aos 68 anos de idade. O profissional foi casado com Lia Herzer Quintana, com quem teve dois filhos: Lia e João Henrique.
A carreira profissional
Ao longo de sua trajetória profissional, Nêd atuou no projeto e execução de obras civis; na Secretaria de Obras Públicas da Prefeitura de Bagé entre fevereiro de 1964 e agosto de 1967; no projeto e desenvolvimento do edifício Amélia Kalil; na rede de esgoto, água, pavimentação e trabalhos de construção de pontes, na Infraestrutura de Candiota II e de Hulha Negra, e na execução de silo de brita de calcário, 1969, na Fábrica de Cimento Votoran, em Pinheiro Machado.
O engenheiro esteve ativamente na execução dos projetos da ETA – aplicando inovação, pois todo o sistema de água não consome energia e funciona pela gravidade; na barragem Sanga Rasa, onde usou, pela primeira vez, um geotêxtil; bloco de raio-X da Santa Casa de Caridade, Igreja Nossa Senhora da Conceição, edifícios e supermercados da cidade, entre outros locais de Bagé. Além disso, ele criou o cadastro multifinalitário (que padroniza as residências), que foi utilizado como base durante 30 anos.
Nêd também investiu na carreira da educação e foi professor de física na Escola Estadual Carlos Kluwe entre 1965 e 1968; no colégio Espírito Santo atuou de 1965 a 1966. Também foi docente de estatística no curso de Administração, no período de 1967 a 1968, na Faculdade Unidas de Bagé (Funba), hoje Universidade da Região da Campanha (Urcamp).