Editorial
Equação desequilibrada
Mais de 24,8 milhões de pessoas com idades entre 14 e 29 anos estão fora da escola. Este contingente não frequentou cursos pré-vestibular, técnico de nível médio ou de qualificação profissional em 2016. E a estimativa divulgada, ontem, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que os motivos para não estarem estudando sãos distintos. O trabalho lidera a lista de razões.
Mais de 41% do efetivo que não estudava, no ano passado, justificou estar fora das salas de aula porque trabalhava, estava procurando emprego ou conseguiu trabalho em que iria começar em breve. A falta de interesse em estudar foi apontada por 19,7%. A indisponibilidade por conta de afazeres domésticos foi citada por 12,8%. E o contingente de quem conciliou estudos com funções laborais também surpreende.
No ano passado, de acordo com o levantamento do IBGE, havia 51,6 milhões de pessoas de 14 a 29 anos de idade no Brasil. Pelo menos 13,3% dessa população estava ocupada e estudava. A pesquisa aponta que 20,5% não trabalhava e não estudava, enquanto 32,7% não trabalhava, mas estudava. O volume de brasileiros que estavam ocupados e não estudavam, portanto, correspondia a 33,4%.
Os números revelam duas urgências. A primeira está relacionada a decisões pontuais, mas que definem o futuro. Basicamente, diante de uma oportunidade de colocação no mercado, a maioria opta por abandonar a qualificação. A segunda diz respeito ao planejamento. É uma questão institucional, que pode ser enfrentada com alguma criatividade. É preciso reforçar o conceito, inclusive, de que a educação não serve apenas para garantir um emprego.