Editorial
Cenário desequilibrado
Mais da metade da população adulta concluiu apenas o Ensino Fundamental. De acordo com pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até o ano passado, menos de 20 milhões de brasileiros com 25 anos de idade ou mais haviam concluído o Ensino Superior. A educação básica, sob responsabilidade dos municípios, tem, portanto, muito a melhorar para que estes números sejam revertidos. Tornar a dinâmica atrativa para uma geração cada dia mais conectada é um dos principais desafios. Mas não é o único. O caminho, no sentido de uma reformulação de modelo, pode passar pelo desenvolvimento de novas abordagens.
Bagé, por exemplo, deve experimentar alternativas em 2018, com a inclusão, no currículo das escolas municipais, de disciplinas que oferecem noções básicas sobre direito, primeiros socorros e educação financeira. O desenvolvimento de soluções que privilegiem a conciliação entre teoria e prática cumpre um papel importante no processo educacional. Trata-se de um esforço válido diante da necessidade de reverter uma condição histórica. Sem perder o foco no combate ao analfabetismo, os gestores precisam, também, se preocupar com a redução da desigualdade, em termos de níveis de escolaridade.
Existe, de fato, um caráter geográfico neste debate. O IBGE comprova, inclusive, que, no Nordeste, 52,6% da população adulta não havia concluído o Emsino Fundamental, enquanto no Sudeste, 51,1% já tinha pelo menos o Ensino Médio completo. A taxa de analfabetismo, que alcançou 7,2% em 2016, também apresenta variação entre regiões, alcançando 14,8% no Nordeste e 3,6% no Sul. Há, entretanto, uma dimensão social. Para cumprir as metas estabelecidas pelos planos de educação, principalmente aquelas associadas ao nível de escolaridade, é necessário, antes de tudo, trabalhar para equilibrar o contexto cultural.