Univeso Pet
Coluna página 2 - Plantas ornamentais tóxicas para pet’s
Sandro M. Tuerlinckx
O uso das plantas ornamentais é bastante comum para complementar a decoração de casas e apartamentos, no entanto, a ingestão de algumas espécies pode provocar malefícios a cães e gatos, inclusive levar à morte.
Os animais mais susceptíveis à intoxicação têm idade até oito meses, e por serem pequenos e imaturos, querem cheirar e comer de tudo, mas quando crescem podem também ingerir folhas e flores por busca de novas aventuras ou, até mesmo, para chamar atenção dos tutores.
Por isso, o conhecimento de quais plantas podem ser tóxicas é importante para evitar o contato e a ingestão pelos pets. A seguir, são consideradas algumas das plantas que frequentemente estão envolvidas em casos de intoxicações em cães e gatos.
As plantas, comigo-ninguém-pode (Diffenbachia sp), copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica) e antúrio (Anthurium spp) possuem oxalato de cálcio que irritam as mucosas de animais e humanos. A intoxicação pode ocorrer por ingestão de qualquer parte da planta ou por contato com a pele. Os sintomas variam desde edema e irritação da mucosa até náuseas, salivação, vômitos e diarreia. Em casos graves, pode ocorrer alteração da função renal e alterações neurológicas, levando à asfixia e morte, sempre causando dor intensa.
A ingestão dos brotos da avenca (Adiantum capillus-veneris) pode induzir a formação de tumores nos animais. A azaleia (Azalea sp) possui como princípio ativo a andromedotixina, uma substância que, quando ingerida, pode causar distúrbios digestórios e provocar disfunções cardíacas.
Plantas como o bico-de-papagaio (Euphorbia-pulcherrima), a hera (Ficus pumila L) e a coroa-de-Cristo (Euphorbia milii) possuem um látex irritante, que em contato com a pele dos animais pode causar lesões cutâneas e conjuntivite. A ingestão dessas plantas pode causar náuseas, vômitos e gastroenterite a cães e gatos.
A espada de São Jjorge (Sansevieria trifasciata), quando ingerida, pode causar aos animais dificuldade de movimentação e de respiração, já a espirradeira (Nerium oleander) contém substâncias tóxicas em todas as partes da planta, que podem causar arritmias, vômitos, diarreia, ataxia, dispneia, paralisia, coma e morte.
No caso do lírio e do lírio da paz, todas as partes do Lilium sp e do Spathiphyllum wallisii são tóxicas. A ingestão das plantas pode causar irritação oral e de mucosas, irritação ocular, dificuldade de engolir e até problemas respiratórios e neurológicos em casos mais graves. Para os gatos, estas plantas devem ser consideradas potencialmente tóxicas, podendo causar falência renal aguda.
O caule e as sementes da violeta (Viola odorata) são altamente tóxicos. A ingestão dessa comum planta de ornamentação pode causar severas gastrites, depressão circulatória e respiratória, além de vômitos e diarreias.
As partes tóxicas da dama da noite (Cestrum nocturnum) são os frutos imaturos e suas folhas, que se ingeridos podem causar náuseas, vômito, agitação psicomotora, distúrbios comportamentais e alucinações. Já no caso da hortência (Hydrangea macrophylla), todas as partes da planta são tóxicas, possui a hidrangina, substância que se ingerida pode liberar ácido cianídrico e causar anóxia celular (cianose – mucosas roxas), vômitos, cólicas abdominais, diarreia, convulsões, dor abdominal, flacidez muscular, letargia e coma.
O consumo de sementes e vagens de glicínia (Wisteria sp) pode provocar diarreia, cólicas, náuseas e vômito.
As samambaias são encontradas principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil e costumam manter seus princípios tóxicos, mesmo secas. Os sintomas da ingestão podem se limitar a febre, hemorragias e diarreia com sangue. O animal pode perder sangue rapidamente, podendo provocar a morte.
A dedaleira ou campainha (Digitalis purpurea L.) tem todas as suas partes tóxicas, principalmente nas flores e frutos, que se ingeridas afetam diretamente o coração. Após seu consumo, também podem surgir vômitos e diarreia.
A Bbladona (Atropa belladonna) é uma planta de jardim que possui componentes tóxicos, principalmente nas raízes e sementes. O seu consumo pode gerar boca seca, aumento da frequência cardíaca, pupilas dilatadas, confusão mental e febre.
Apesar de muito populares, as tulipas também são tóxicas e seu bulbo é prejudicial, principalmente para gatos. Alguns dos sintomas comuns após sua ingestão são vômitos, irritação gástrica e diarreia.
As flores e folhas do hibisco (Hibiscus L.) têm efeito tóxico aos animais e podem ser fatais. As características dos sintomas são, primeiramente, gastrointestinais, incluindo diarreia, vômito, perda de apetite e náusea.
Embora essas plantas sejam consideradas tóxicas aos animais, ainda assim é possível cultivá-las em casa, basta mantê-las em locais de difícil acesso, pois elas só serão prejudiciais no caso de ingeridas ou colocadas em contato com mucosas.
Mas, em caso de intoxicação, é importante que o que o tutor não tente nenhum tipo de procedimento caseiro, como usar leite, por exemplo, pois isso pode agravar ainda mais o estado clínico do pet. É indicado levar o animal o mais rápido possível ao médico veterinário e informar o tipo de plantas que possui em casa. Dessa forma, o profissional pode identificar melhor qual pode ser a causa da intoxicação.
Essas e outras plantas tóxicas aos animais podem ser visualizadas no instagram desenvolvido por alunos da disciplina de Toxicologia Animal do Curso de Medicina Veterinária da URCAMP/Bagé.
Acesse: https://www.instagram.com/toxicoveturcamp/