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Descida do rio Camaquã chama atenção para necessidade de preservação

Publicada em 22/01/2018
Descida do rio Camaquã chama atenção para necessidade de preservação | Cidade | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Movimentação no acampamento iniciou nas primeiras horas da manhã

O sol ainda nem tinha raiado e os moradores da Coxilha das Flores, localidade de Palmas, já estavam em pé, sorvendo o primeiro amargo do dia e dando início às lides campeiras. Enquanto isso, alguns quilômetros adiante, em um acampamento, a paisagem bucólica dava lugar à movimentação de um grupo de aventureiros. Quando a reportagem chegou ao local preparado pelos remadores da 23ª descida do Camaquã, próximo das 8h de sábado, dava para escutar de longe a euforia de quem em breve enfrentaria as águas.
O colorido dos barcos já decorava a paisagem verde do pampa, junto às cores fortes utilizadas pelos remadores em seus chapéus e coletes salva-vidas, itens de segurança indispensáveis naquela manhã Desta vez, a base dos integrantes foi na Cabanha Macanudo, na localidade de Palmas, há cerca de 100 quilômetros do centro urbano de Bagé. Os primeiros aventureiros chegaram ao local na terça-feira a fim de prepará-lo para receber os demais integrantes, que chegaram, em sua maioria, na sexta-feira.
Um dos fundadores do grupo, remanescente da primeira descida, Diogo Madruga, conta que nessa edição, participaram cerca de 100 remadores em 70 embarcações, além de 30 pessoas atuando no apoio. Além de Bagé, a aventura congregou remadores de todo o Estado, como Ijuí, Santana do Livramento, Farroupilha, Porto Alegre e Caxias.
"A descida começou há mais de 20 anos com o mesmo objetivo que ainda tem hoje: desbravar os caminhos pela costa do Camaquã, possibilitando que a população conheça e aprenda a amar e preservar este local, que é um presente da natureza", disse.
Aos 82 anos, Madruga, dessa vez, coordenou a descida em terra firme por motivos de saúde. É a ele que recorrem os remadores da velha guarda, com respeito e admiração pelo que já foi feito nestas últimas duas décadas.
Um dos integrantes deste antigo grupo é Roberto Zago. Ele conta que começou a navegar junto aos outros remadores há cerca de 20 anos. De lá para cá, nunca deixou de lado o amor pela aventura e pelo rio. Hoje, é o coordenador de navegação da descida, responsável por definir o trajeto da aventura e coordenar a descida dentro d'água.
Ele explica que os preparativos iniciam cinco meses antes da descida. Neste ano, a decisão foi de explorar um trecho que ainda não havia sido percorrido nas edições passadas, com saída há cerca de 20 quilômetros do acampamento. Do ponto de partida, os aventureiros percorreram 16 quilômetros, até o base do acampamento, onde a edição deste ano encerrou.
Zago adianta que após a escolha do trecho, o mesmo trajeto foi percorrido por um pequeno grupo, cerca de um mês antes da descida, para conhecer as condições do local. "Precisamos garantir a segurança de todos os participantes, então, antes fazemos uma avaliação dos riscos do trecho junto com o Corpo de Bombeiros", destaca.
A própria formação dos barcos e botes dentro do rio é pensada de modo a formar um grupo seguro, com um ponteiro, sempre escolhendo um navegador experiente, que irá à frente dos demais remadores, avaliando a correnteza e os riscos. Um navegador também é o escolhido para ser o último, encerrando a fila.


Amor pela aventura
O advogado Tiago Martins já é veterano nas águas do rio Camaquã. Ele relata que já há alguns anos não participava da descida, mas conta com 10 aventuras anteriores no currículo de navegação. Neste ano, resolveu expandir o gosto pela aventura também para a família e trouxe o sobrinho Bernardo, de 10 anos, para estrear nas águas do velho rio.
Ansioso pela primeira experiência, o pequeno já estava totalmente paramentado e aguardando ao lado do caiaque do tio. Tiago conta que desta vez, decidiu aposentar o caiaque antigo de um lugar e comprou um com espaço para duas pessoas, para levar Bernardo, vindo diretamente de Caxias do Sul.
Junto a outros amigos, que também participam da navegação, garantiu os itens necessários: "colete salva-vida atualizado, de acordo com o peso do navegador, chapéu, protetor solar, repelente e também os suprimentos, a alimentação e as bebidas do dia", disse.


Celebração e reivindicação
No lugar dos remos do caiaque, Clara Vaz segurava um banner às margens d'água. Integrante da Frente em Defesa do Rio Camaquã, que busca impedir a mineração de chumbo em Caçapava do Sul, ela aproveitou o momento para chamar a atenção para a necessidade de defesa não apenas do rio, mas também do Bioma Pampa.
Além de ferrenha protetora da região das Palmas e suas belezas naturais, também é uma das mulheres pioneiras da descida. Ela foi uma das primeiras a participar da remada, já que nas primeiras seis edições, apenas homens realizavam a descida. Neste ano, não conseguiu transporte para o barco, mas mesmo assim, não deixou de vir prestar respeito ao rio e ao grupo de remadores e lembrar a importância de lutar pela preservação do local. "Quando a frente de defesa surgiu, formada principalmente com moradores daqui, os remadores foram os primeiros a se unir à luta", destaca.
Ela ressalta a importância de lutar para manter não apenas o rio Camaquão preservado. "Esse é um dos locais menos poluídos e com mais características do nosso bioma pampa que temos na região. Ainda há muita coisa a ser descoberta. Durante estudos realizados por universidades que se uniram à frente de preservação, foram encontradas 14 espécies de plantas endêmicas ainda desconhecidas aqui, além de diversas espécies de peixes. Ainda há muito a ser descoberto aqui. Não podemos deixar as empresas tomarem conta. Essa terra tem dono e somos nós, o povo, e vamos lutar para mantê-la viva", afirmou.
O projeto foi anunciado em julho de 2016. Após articulação dos moradores do entorno do rio, as ações de defesa iniciaram em 26 de novembro do mesmo ano. A frente contesta o Projeto Caçapava do Sul, desenvolvido entre a Mineração Iamgold Brasil e a Votorantim Metais, para o lavramento e o beneficiamento de minerais polimetálicos em Caçapava. As empresas buscam licença ambiental junto à Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler (Fepam), há quase dois anos, para a mineração no distrito de Minas do Camaquã, em Caçapava do Sul.

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