Cidade
Medicamento para prevenção do HIV começa ser distribuído na capital
Apenas 36 municípios do país irão receber, inicialmente, o medicamento anunciado pelo Ministério da Saúde como alternativa para prevenção ao HIV. O Truvada, que é uma combinação do Tenofovir com a Entricitabina, segundo pesquisas, reduz em 44% o risco de aquisição do vírus. Em Bagé, ainda não há estimativa para o início da distribuição.
De acordo com a enfermeira especializada em saúde pública e coordenadora do Serviço de Atenção Integral à Sexualidade (SAIS), Milena Moreira Ferreira, o medicamento deve ser distribuído para grupos de risco, como profissionais do sexo, usuários de álcool e drogas. Segundo ela, a distribuição iniciou por Porto Alegre e só pode ser utilizada por pessoas que não foram infectadas pelo HIV. Em Bagé, cerca de 800 pessoas realizam o tratamento da Aids e a rede conta com cerca de 20 tipos de medicamentos para a doença. “A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que para cada pessoa infectada que sabe da doença, dez têm o vírus e não sabe”, disse.
Milena ressalta que um dos princípios ativos do medicamento atua bloqueando uma enzima e, com isso, interrompe o processo de reprodução do vírus dentro da célula. O tratamento, chamado de profilaxia pré-exposição (PrEP), segundo a coordenadora, será distribuído como um teste para esses municípios.
Ela teme que com a distribuição haja um descaso com os preservativos, que são uma das principais formas de prevenção de doenças, e haja um aumento de sífilis, gonorreia, e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).
Cadastro
As pessoas de outras regiões do Estado também podem se cadastrar para realizar o tratamento em Porto Alegre. De acordo com o coordenador-adjunto de Saúde, Carlos Magno Cesarino, o tratamento preventivo somente será disponibilizado para as pessoas que passarem pela triagem da Secretaria Municipal de Saúde da capital e do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) do Hospital Sanatório Partenon, vinculado à Secretaria Estadual da Saúde.
Cesarino explica que as pessoas passam por exames clínicos, acompanhamento médico, entrevistas e ficam vinculadas ao serviço da capital. "Essas pessoas serão avaliadas e não são todas que recebem essa prevenção", relata. O coordenador adianta que por enquanto não há data para o serviço ser implantado no interior.
Pesquisas
Em 2012, a utilização do Truvada para a prevenção do HIV foi aprovada nos Estados Unidos e a OMS reconheceu o potencial da PrEP para o enfrentamento da epidemia do HIV/AIDS. No Brasil, foram realizados testes com 500 homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis e mulheres transexuais com risco de adquirir a infecção pelo HIV em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Em dezembro, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou a distribuição do medicamento gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A estimativa da pasta é que a estratégia no Brasil seja utilizada por cerca de sete mil pessoas que integram as chamadas populações-chave, no primeiro ano de implantação.
Como usar
Para garantir a proteção, o medicamento deve ser tomado diariamente, no mesmo horário. A ação do Truvada começa a valer após sete dias de uso para sexo anal e após 20 dias de uso para sexo vaginal. Caso a pessoa decida parar de utilizar a medicação, deve permanecer tomando por quatro semanas após a última relação sexual para evitar a contaminação com o vírus.
Algumas pessoas sentem efeitos colaterais quando iniciam o Truvada para PrEP, no entanto, os sintomas são geralmente leves e desaparecem após o primeiro mês de uso. Podem ocorrer gases, cefaleia e um pouco de enjoo.