Editorial
Otimismo contido
Uma parcela maior do empresariado demonstra disposição para investir. O Indicador de Propensão ao Investimento, elaborado a partir de dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), também revela, porém, que o volume ainda é baixo. Apesar do aumento, o indicador revela que apenas 29% dos empresários devem, de fato, formalizar investimentos. E esse receio tem uma explicação curiosa. É importante destacar, porém, que não é a única.
Pelo menos 48% dos entrevistados não pretendem investir por não considerar necessário. A percepção de que o País não saiu da crise é mencionada por 26% como motivo para conter os investimentos, enquanto 13% afirmam que investiram que estão aguardando retorno de investimentos recentes. E quem planeja ampliar os negócios não deve fazê-lo a partir da contratação de crédito. De acordo com a pesquisa, o capital próprio será a escolha de mais da metade dos empreendedores. É a comprovação de que todos primam pela segurança.
O conservadorismo parece, enfim, ter alcançado o mundo dos negócios. Afinal, empreender é, na prática, correr riscos. A ligação é umbilical. O distúrbio nesta relação talvez mereça atenção maior por parte dos pesquisadores. Não resta dúvida de que o ambiente político exerce influência nesse cenário. Cabe mensurar, agora, o peso da cultura na tomada das decisões. Os números alertam para uma reflexão nesse sentido.