Fogo Cruzado
“Maior desafio foi fazer chegar ao povo nossa visão sobre os temas em debate”, afirma Mainardi
Em entrevista exclusiva ao Jornal MINUANO, o deputado estadual Luiz Fernando Mainardi, do PT, adiantou que pretende concorrer a novo mandato na Assembleia Legislativa, em 2018. O petista falou sobre o ano legislativo, encerrado em janeiro, e adiantou posição a respeito de pautas articuladas no parlamento gaúcho. Ele revelou desafios e avaliou projetos do governo do Estado, a exemplo das Propostas de Emenda à Constituição (PECs) que viabilizam as privatizações da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), da Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás), sem a necessidade de um plebiscito.
MINUANO– O senhor trabalhou pautas distintas no último ano legislativo, propondo, por exemplo, o reconhecimento como de relevante interesse cultural do Rio Grande do Sul o Rio Camaquã e alterações no Fundo de Desenvolvimento da Ovinocultura do Estado. Qual foi a agenda prioritária?
Mainardi - Sou um deputado de oposição e, ao mesmo tempo, um representante da região da Campanha e da Fronteira Oeste do Estado. Preocupo-me com o desenvolvimento da região e com a proteção de nosso patrimônio, ao mesmo tempo em que fiscalizo e pressiono o governo para atender as demandas justas da população gaúcha, particularmente às da região que represento. A defesa do Camaquã e o aprimoramento da produção ovina são dois temas centrais para Bagé a para a região. Mas fizemos muitas outras coisas também, como o trabalho de parceria para garantir as verbas necessárias para o funcionamento da Santa Casa. Vamos produzir uma prestação de contas destes três anos de mandato e apresentar à cidade e à região neste semestre.
MINUANO – O PT comandou a Assembleia Legislativa no penúltimo ano da legislatura. Que importância teve, para a oposição, esse espaço ocupado pelo partido?
Mainardi - Foi uma experiência rica, que repetiu o que já fizemos em nossas experiências passadas na presidência da Casa Legislativa. Duas características essenciais marcam as gestões petistas na Assembleia Legislativa: transparência e participação popular. Agimos conforme a Constituição e o Regimento Interno, mas nunca contra o povo, que pôde, após lamentáveis experiências com o PMDB e o PP, tornar a Assembleia um espaço de debates e exercer com liberdade pressões legítimas sobre os parlamentares.
MINUANO – Qual foi o maior desafio, para a oposição, ao longo do ano legislativo? E por quê?
Mainardi - O maior desafio foi fazer chegar ao povo nossa visão sobre os temas em debate no parlamento. Em muitas ocasiões, a TV e a rádio de maior audiência do Estado mostravam apenas o posicionamento do governo em relação aos temas em discussão. É injusto porque esconder uma opinião não tem nada a ver com a democracia e com o pluralismo, que são princípios que estão na base das concessões públicas que são feitas para os canais de comunicação. De qualquer forma, os funcionários públicos mobilizados e os espaços que temos nos veículos de comunicação regionais, como é o caso deste jornal, permitiu que nossa voz pudesse chegar ao povo. A acusação de que não temos um caminho alternativo para apresentar é falsa. O PT já governou o Estado e já mostrou o que pode fazer. Comparem qualquer governo do PMDB ou PSDB com os nossos sobre qualquer ponto de vista. Nossos governos sempre foram melhores. No “frigir dos ovos” é isso que interessa.
MINUANO – A discussão sobre a Lei Kandir ganhou espaço no parlamento gaúcho, mas registrou poucos avanços. Na sua opinião, por que não foi possível avançar no sentido de uma solução para a questão?
Mainardi - Houve uma indisposição política do governo Sartori em encarar esse tema. Essa má vontade indica, inclusive, o quanto Sartori e Temer são aliados. É evidente que a pressão pela reparação ao Rio Grande das perdas com a Lei Kandir, que hoje somam algo em torno de R$ 50 bilhões é ruim para o governo federal. Mas é muito bom para o Estado e infelizmente Sartori escolheu os interesses de seu partido em detrimento do Rio Grande nesse caso. Sartori agiu ao contrário do que disse que faria quando foi candidato, quando o seu slogan era “O meu partido é o Rio Grande”. Na verdade, queria apenas esconder que era do PMDB porque PMDB lembra Britto, que até agora era o pior governador que já tivemos, segundo pesquisas. Por coincidência, Sartori assumiu e recuperou a mesma agenda de Britto, de privatizações e negociação da dívida com prejuízos para o Estado. Britto aumentou em R$ 22 bilhões a dívida do Rio Grande do Sul, Tarso a diminuiu em R$ 20 bilhões e agora o Sartori, caso assine o acordo com a União, vai aumentá-la em mais de R$ 30 bilhões. É impressionante o prejuízo que cada governo do PMDB traz ao Estado.
MINUANO - O novo ano legislativo é estratégico para os parlamentares que projetam reeleições, mas também é crucial para o PT. Quais serão as prioridades do mandato para 2018?
Mainardi - Eu sou candidato à reeleição. Quero continuar sendo o deputado que mais defende os interesses do povo de Bagé e da nossa região. Mas antes das eleições temos um semestre inteiro de trabalho na Assembleia. Meu foco será a aprovação dos meus projetos que estão na pauta, como os que foram citados em relação à defesa do Camaquã e ao reforço da ovinocultura. Mas também vou continuar ajudando o povo gaúcho a resistir aos projetos do Sartori. Se depender de nossa luta, Sartori não vai produzir o prejuízo que quer, entregando as empresas públicas para a iniciativa privada e negociando o futuro do Rio Grande com Temer. Quero também dar uma atenção especial à educação e à saúde, que são temas recorrentes e que o governador atual negligenciou.