Fogo Cruzado
“Sempre atuei de forma independente na Câmara dos Deputados”, destaca Hamm
O único representante da região no Congresso Nacional já definiu posição sobre a proposta de privatização da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE). Em entrevista exclusiva ao Jornal MINUANO, o deputado federal Afonso Hamm, do PP, explica porque é contrário à medida. O progressista também fala sobre pautas prioritárias, destaca sua condição de independência na relação com o governo federal e adianta posicionamento a respeito da reforma da Previdência.
MINUANO – O senhor articulou diferentes pautas, em 2017, a exemplo da proposta que confere a Bagé o título de Capital Nacional da Criação de Cavalos da Raça Puro Sangue Inglês e do projeto piloto de ovinocultura destinado ao Alto Camaquã. Qual será a prioridade em 2018?
Hamm - Priorizei a saúde, que se tornou uma das marcas do deputado Afonso Hamm: investir nos hospitais, Santas Casas, Unidades Básicas de Saúde e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) para que mais vidas sejam salvas. Estamos anunciando o pagamento de mais uma emenda destinada para aquisição de equipamentos para os procedimentos de média e alta complexidade na Santa Casa de Bagé, minha terra e onde iniciei minha trajetória política. Também sou parceiro do Hospital Universitário, tendo conquistado R$ 300 mil para que fosse adquirido o equipamento de oxigênio. Para a prefeitura de Bagé, na virada do ano, liberamos R$ 500 mil para compra de medicamentos para os postos de saúde. Na condição de deputado federal, nos últimos meses conseguimos efetivar R$ 1,5 milhão para a saúde de Bagé, fazendo chegar o recurso para a população através de equipamentos e medicamentos, salvando vidas. Mas temos um histórico de trabalho realizado pelos municípios gaúchos, com 33 projetos de Lei apresentados e três leis sancionadas, onde destaco o Porte Rural de Armas (PL 6.717/2016), que permite o porte de arma de fogo para produtores e trabalhadores rurais de todo o país, nos limites da propriedade. Em 2016, conquistamos a aprovação da Lei do Abigeato, que tipificou o crime e aumentou as penas para quem furtar animais ou transportar e vender carne oriunda do roubo, contribuindo de forma decisiva para a atuação das Polícias Civil e Militar na desarticulação de quadrilhas de criminosos, pois acabou com o pagamento de fiança e possibilitou que os abigeatários não voltem a cometer crimes enquanto aguardam julgamento. Em 2017, houve redução de 25,5% nos crimes de abigeato no estado. Em Bagé, Dom Pedrito e toda a região da Campanha, com o esforço da Força-Tarefa da Polícia Civil, em conjunto com a Brigada Militar, a redução nos crimes de abigeato chega a 80%, diminuindo os prejuízos financeiros dos produtores e os riscos da população consumir carne com problema. Nossa atuação parlamentar também defende os rodeios e provas de laço, que são símbolos dos gaúchos, além de apoiar o desenvolvimento do setor da ovinocultura, da vitivinicultura, entre outros.
MINUANO – A Câmara dos Deputados começa a debater uma medida provisória que trata sobre a privatização da Eletrobras e de suas subsidiárias, o que inclui a CGTEE, que tem sede em Candiota. O senhor já tem posição sobre a proposta do governo federal? Estuda apresentar alguma emenda?
Hamm - Posicionei-me contrário à privatização da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), por entender que ela é uma empresa pública que gera empregos e sempre obteve resultados positivos, no entanto, passou a ser deficitária na medida em que foi desestimulada pelo governo. Considero a privatização um caminho importante, mas não concordo que para isso os governantes tornem as empresas superavitárias em deficitárias, sucateando as estruturas para depois vendê-las abaixo do valor de mercado. Esse modelo é desonesto. O governo precisa manter as empresas que são eficientes, especialmente na área da energia, setor importante na retomada do crescimento. Outro exemplo é a Companhia Riograndense de Mineração (CRM), que tem uma riqueza potencial muito grande e gera diretamente 450 empregos em Candiota e Minas do Leão, mas à medida que não conta com investimentos vai se tornando deficitária. Sobre o projeto apresentado pelo governo federal no início de 2018, PL 9.463/2018, que dispõe sobre a desestatização da Eletrobras, temos que debater exaustivamente o assunto, mas a minha posição será mantida.
MINUANO – A Reforma da Previdência deve dominar os debates durante o mês de fevereiro na Câmara dos Deputados. Qual o balanço das discussões sobre a matéria? De que forma votaria, hoje, se a redação fosse levada ao plenário?
Hamm - Manifestei-me contrário à proposta de reforma da Previdência por entender que o projeto não foi discutido com quem realmente será afetado pelas mudanças, que são os aposentados e os futuros aposentados, que hoje estão trabalhando e produzindo as riquezas do país. Tenho a convicção de que um projeto que terá um impacto tão grande na vida das pessoas precisa ser debatido com a sociedade, não somente com os parlamentares. Nós representamos a população, então, como vamos apoiar uma medida que não está clara, que a cada semana sofre novas alterações para atender diferentes interesses? Também acredito que somente um governo com credibilidade poderá realizar uma reforma previdenciária no Brasil.
MINUANO – No ano passado, o senhor votou a favor da denúncia contra o presidente da República, Michel Temer, justificando que o Supremo Tribunal Federal (STF) deveria continuar a investigação, o que resultaria no afastamento do presidente. A posição, vencida em plenário, contrariou uma orientação da bancada. Seu mandato enfrentou ou enfrenta alguma represália por conta desta votação?
Hamm - Sempre atuei de forma independente na Câmara dos Deputados, buscando representar com dignidade meus eleitores e a sociedade. Da mesma forma que respeito as orientações da bancada, fiz um pedido que a minha posição fosse respeitada e assim aconteceu. A política e os políticos de uma maneira geral estão passando por uma crise profunda de credibilidade, mas somente com transparência e trabalho a política será resgatada, obtendo a confiança do povo e do eleitor brasileiro. Este é o desafio.
MINUANO - O ano é estratégico para os parlamentares que pretendem disputar reeleição. Também é importante para o PP, que trabalha pré-candidatura para o Palácio Piratini. Qual será a prioridade do seu mandato em 2018?
Hamm - Meu compromisso é atuar de forma ética e com muito trabalho pelas pessoas que mais precisam. O Progressistas é o partido com o maior número de prefeitos e vereadores no Rio Grande do Sul, mostrando a força municipalista que temos. São 144 prefeitos, 109 vice-prefeitos, 1.139 vereadores, seis deputados federais e sete estaduais. Hoje, o PP tem lideranças, filiados, simpatizantes e diretórios organizados em todo o estado, com uma capilaridade muito grande. Durante o ano de 2017, o partido realizou seminários com as bases para saber qual deveria ser o caminho a percorrer em 2018, tendo uma expressiva resposta no sentido de que chegou o momento de construirmos candidatura própria ao governo do Estado. Nosso candidato será o colega deputado Luís Carlos Heinze. Em 2018, vamos trabalhar para eleger o governador e para ampliar as bancadas de deputados estaduais e federais. Também temos como prioridade reeleger nossa senadora, eleita uma das melhores parlamentares do país, atuação e reconhecimento que nos orgulham muito. Eu estou trabalhando para renovar o nosso mandato para seguirmos atuando nos próximos quatro anos, que será o período de reconstrução político-administrativa do nosso país.