Cidade
O dia a dia dos bajeenses no racionamento
O dia começa cedo na casa de Jaqueline Garcez. Com a implantação do racionamento, no último dia 5, a rotina da casa mudou totalmente para adaptar-se ao horário com água disponível. Moradora do bairro Mascarenhas de Moraes, ela e a mãe são as únicas residentes do imóvel abastecido das 3h às 15h. Enquanto tomam mate na sombra projetada pela residência, elas contam como driblam as dificuldades de um racionamento.
Para aproveitar o horário em que a a água ainda está disponível na rede, começam a lida da casa às 8h. A partir daí, são sete horas para todas as atividades domésticas: lavar a casa, lavar roupa, cozinhar, lavar a louça do almoço e tomar banho. O que não for feito dentro desse período, é concluído depois, com a água reservada na caixa de 500 litros. Para o preparo das refeições, após o início do abastecimento, ela passou a utilizar água mineral, uma bombona de 20 litros a casa semana. "A água da caixa é só para alguma urgência. Deixamos reservado para o caso de faltar no outro dia", comenta.
Além da mudança de horários, algumas outras atividades rotineiras foram suspensas, como o banho dos cães, por exemplo. "Antes, a gente dava banho em casa mesmo. Agora só mandando na petshop, pois gasta muita água. Também deixei de lavar o pátio, o que fazia antes por causa da sujeira dos cachorros. Agora só passo uma vassoura", conta.
Do outro lado da cidade, o casal Olga Garcia e Odacir Pereira tem a rotina similar, mas no turno inverso. Abastecidos das 15h às 3h, deixam os afazeres da casa para a tarde. "Comecei a lavar a roupa depois das três da tarde. Antes lavava e arrumava tudo pela manhã", relata Olga. "Tivemos que nos adaptar ao horário, não tem o que fazer", afirma Pereira, que reside no bairro Castro Alves há mais de 25 anos.
Em outra rua do mesmo bairro, Olga Francisca Franco Martins, aproveitava a água disponível nas torneiras e limpava a casa quando a reportagem chegou. Junto a ela, vivem mais três pessoas. Assim, sentiram necessidade de organizar o horário das atividades, principalmente dos banhos. "A hora em que a água chega é a mesma em que estou chegando do trabalho, então quando vou limpar a casa sempre tem água. Só complica pela manhã, no banho antes de ir trabalhar, que tem que ser bem rápido. As louças mais leves do almoço minha mãe lava. Mas as panelas eu lavo quando chego, com a água que está chegando na rede", diz.
Para manter uma reserva de água durante o dia, conta com uma caixa d'água de 500 litros. É ela que mantém a casa funcionando das 3h às 15h, enquanto ainda não há abastecimento. Preparando a casa para receber amigos à noite, aproveitou a tarde com água para limpar a residência. "Vamos fazer uma festa de enterro dos ossos. Mas já avisei, só até às 2h, senão começamos a usar a água da caixa e falta amanhã (domingo)", brinca.