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O centenário de Mariazinha Grillo Gomes: ******
Uma vida dedicada ao assistencialismo
Esse material pertence ao acervo do Museu Dom Diogo de Souza/Urcamp/Fat e, por sua relevância histórica, está sendo compartilhado com nossos leitores para enaltecer essas personalidades, mulheres que fizeram e fazem parte da história desta cidade.
Em 2018, comemoramos o centenário de nascimento de Maria Grillo Gomes, uma bajeense que por quase toda a vida desempenhou importante papel na proteção de crianças e idosos. Mariazinha, como era carinhosamente chamada, deixou um importante legado de trabalho assistencial, estando presente em movimentos importantes no passado da nossa cidade, deixando saudades por sua imagem de bondade e preocupação com a infância carente, sendo, também, protagonista de inúmeras ações em prol dos idosos e sempre evangelizando para o bem.
Filha de Geralda Suñé Grillo e Emílio Osório Grillo, nasceu em Bagé, no dia 2 de novembro de 1918, há quase 100 anos. Não exerceu a profissão de professora, mas transferiu a muitos seus conhecimentos, através da prática de um intenso trabalho social, que sempre norteou sua vida. Tudo começou em São Leopoldo, ainda estudante, quando tomou gosto pelo trabalho social. O convívio com famílias carentes iniciou através do contato com lares da periferia daquela cidade. De volta a Bagé, em 1936, conheceu o recém formado médico Camilo Gomes, bajeense com que se casou em 1938 e tiveram os filhos Regina Maria, Eduardo, Fernando e Carmen Lúcia. Nos anos 40, reiniciou suas atividades em trabalhos assistenciais, na Escola Santa Izabel, uma entidade mantida pelas irmãs franciscanas e padres salesianos que abrigavam crianças carentes. A convite da Sra. Bebê Dornelles, esposa do então governador do Estado, Ernesto Dornelles, iniciou o trabalho na Legião Brasileira de Assistência, trabalho que durou sete anos.
No início dos anos 50, fundou o grupo "Damas do Carmo", trabalho o qual se dedicou intensamente por 18 anos de sua vida. Era um grupo de senhoras bajeenses que se dedicava a fazer um trabalho assistencial junto à capela Nossa Senhora do Carmo, no bairro Menino Deus.
Como primeira-dama, ao lado do marido, Dr. Camilo, que foi prefeito de Bagé em 1962/1963, prestou serviço junto à Secretaria de Saúde da cidade, atuando na periferia, sempre acompanhando o trabalho pastoral, ligado à Igreja Católica.
Durante o mandato do prefeito Camilo Moreira, foi titular da Secretaria de Ação Social. Nessa época, o trabalho assistencial tomou vulto, quando constituiu-se 28 clubes de mães espalhados por toda cidade. Também trabalhou pelos menores carentes, sendo a criação da polícia mirim o ápice deste trabalho.
Em 1982, após o falecimento do marido, Mariazinha assumiu por alguns meses a provedoria da Santa Casa de Caridade. Nessa época o asilo da hospital corria o risco de ser fechado. Assim, ela assumiu um novo desafio e, com a colaboração de Joice Brendler, Terezinha Tavares, Recy Galo Araújo e Norinha Pesce, levantou a instituição, transformando em Fundação Geriátrica José e Auta Gomes.
Paralelamente aos serviços assistenciais, Mariazinha, até seus 86 anos de idade, fez parte de vários movimentos de igreja, pertencente ao Apostolado da Oração, levando a eucaristia em residências e lares de idosos. Em 1998, depois de 64 anos de dedicação, ela encerrou seu trabalho assistencial, deixando registrado na história o seu lema. "O trabalho social não tem fronteiras. Não escolhe raça, credo ou condição financeira. O que manda é a lei de Deus: amar ao próximo como a sim mesmo".
Mariazinha recebeu várias homenagens durante a vida pelos serviços relevantes prestados à comunidade, assim como seu marido, Camilo Gomes. No mês passado, aconteceu a inauguração da revitalização do Centro de Referência Materno-Infantil Camilo Gomes, quando a história da família foi relembrada pela população.