Editorial
Memória eternizada
A doação de materiais do publicitário bajeense João Alberto Costa Coronel, o Betto, ao Arquivo Público Municipal, efetivada ontem, tem um significado muito além de garantir a preservação de itens que fazem parte de um passado não tão recente. Representa, em especial para quem apreciou uma época de grandes eventos da Rainha da Fronteira, assim como para quem busca relembrar de inovações, diga-se, únicas do setor de comunicação, um acervo mais que necessário.
Betto morreu há quase um ano, mas seu legado seguirá existindo. Ainda mais agora, com inúmeros de seus trabalhos sendo guardados e preservados num espaço criado exatamente com esse viés, resguardar e eternizar a memória do povo bajeense.
Nas relíquias, a quem interessar possa, estão recordações de grandes espetáculos. Aos que ainda desconhecem, Coronel foi o primeiro a utilizar o ginásio do Complexo Emílio Garrastazú Médici, o Militão, para a realização de grandes shows. Ao fundar a Produção Independente, em 1981, trouxe artistas renomados à Rainha da Fronteira, dentre os quais Roberto Carlos, Kid Abelha e Roupa Nova, todos no auge, talvez, de suas carreiras. E porque isso é importante? Porque demonstrava que a sabedoria e a coragem de um indivíduo era capaz de tornar aspirações em realidade, o que resultava, constantemente, na entrega de verdadeiros presentes aos que aqui viviam.
Na publicidade inovou. Quiçá, como poucos. Era ousado, determinado e, por isso, representava com fidelidade um dos princípios inerentes à profissão: atrair a atenção, seja do leitor, ouvinte ou telespectador. A doação dos materiais efetivada pela família é mais que um belo gesto, é permitir que memórias sejam eternizadas e, ao mesmo tempo, disponibilizadas a todos. Como menciona o diretor do Arquivo Público, Cláudio Lemieszek, em reportagem publicada nesta edição: “esse gesto espontâneo enriquece o acervo da história de Bagé”.