Cidade
Via-sacra em fotografia completa 18 anos
A Igreja Católica promove, em 2018, o Ano do Laicato, realizado pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em todas as dioceses do País. Durante o ano, leigos e leigas são chamados a ter uma maior participação na vida da Igreja e da sociedade. Em Bagé, isso já é realidade há muito tempo. A prova é a Via-sacra em fotografia, exposta no Santuário de Nossa Senhora Conquistadora, que completa 18 anos.
De acordo com o diretor de elenco e set, Sávio Machado, as belas artes contribuem para com a evangelização do povo da região da Campanha gaúcha. Ele salienta que as produções de artistas e culturais estão ligadas diretamente com a religiosidade popular e as participações envolvem concertos de música e coral, espetáculos de teatro com temática evangélica, festa do padroeiro, cavalgada histórica, velas votivas; Natal e a tradicional Semana Santa.
Machado conta que a Via-sacra em fotografia foi projetada pela jornalista e fotógrafa bajeense Stela Vasconcellos, no ano 2000, e contou com a sua direção de arte. Ele relata que foram convidados um grupo de bajeenses que formaram elenco para a montagem do trabalho. O local escolhido para o set foi a rua lateral do Santuário Diocesano.
Segundo o diretor de arte, o projeto foi pensado e transformado em um presente doado ao Santuário por esse grupo de voluntários, que se disponibilizou para a realização das 15 estações da Via-sacra. “À época, o santuário não contava com esse material”, lembra.
A captação das imagens pela fotógrafa se deu em 10 horas de trabalho. Machado comenta que a equipe técnica preparou o elenco de não atores com peças de figurinos confeccionados em lã crua produzida na cidade, com o objetivo de retratar a Paixão e Morte de Cristo sob a ótica regional. “Um furgão que serviu de camarim foi usado, também, como sala de maquiagem” recorda. O estúdio fotográfico foi montado a céu aberto, usando a característica original do terreno onde foi edificado o templo.
Conforme o diretor de arte, da primeira a 15ª estação, o roteiro fotográfico foi transformado em um projeto editorial produzido pela LEB Livraria e pela comissão de construção do Santuário à época. Na ocasião, foram impressos mais de cinco mil exemplares coloridos, trazendo, além das fotos, textos explicativos, orações e o histórico de Nossa Senhora Conquistadora. “As fotos, em dimensões de 50 x 70, tiveram acabamento e foram planejadas com molduras em madeira, que estão distribuídas pelo templo”, explica.
Machado ressalta que essa obra até hoje se mantém como acervo permanente do Santuário, com a peculiaridade de ser a única Via-sacra em fotografia que se tem conhecimento no Brasil.
Segundo ele, participaram do elenco, Mauro Dalmaso como Cristo, Mirtes Dalmaso como Maria, Carla Pano como Verônica e Antônio Sérgio Martins (in memoriam) como Simão Cirineu. Além deles, também participaram Daniela Garrastazu, Moema Storniolo e Jane Perez e Silvia Ribas, como mulheres do povo. As vestimentas foram emprestadas pelo atelier de figurinos de Cleidi Paz. Também houve o apoio do Centro de Arte “Maria de Lourdes Alcalde” (Cenarte), ligado à Universidade da Região da Campanha (Urcamp), e da artesã Maria Juracy Freitas. “Essa foi mais uma criação e execução de um grupo de leigos entregue à Igreja de Bagé. Uma das tantas produções promovidas pelos artistas que vivenciam a fé católica”, frisa.