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Bagé tem mais farmácias do que o recomendado pela OMS
Publicada em 15/05/2018
Uma situação que se repete em grande parte dos municípios brasileiros pode ser conferida também em Bagé. Segundo informações da Vigilância Sanitária, o município conta com 48 drogarias, sendo três públicas. O número extrapola a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda a proporção de uma farmácia para cada oito mil habitantes. Em média, a Rainha da Fronteira conta com uma farmácia para cada 2,5 mil moradores. Nesse caso, 15 estabelecimentos seriam suficientes para atender à população bajeense, com base na recomendação da OMS.
Para a professora do curso de Farmácia da Universidade da Região da Campanha (Urcamp), Patrícia Albano Mariño, o número excessivo de drogarias é uma realidade em todo o Brasil, visto que não existem políticas e legislações que limitem a abertura destes estabelecimentos. Ela ressalta que o Brasil é o quinto mercado mundial de medicamentos, mesmo sendo um país em desenvolvimento. Ainda de acordo com Patrícia, estes dados, muitas vezes, tornam a farmácia um comércio, com guerras de preços e promoções que induzem ao consumo de medicamentos e à automedicação. Por isso, é importante atentar para a presença de profissionais habilitados.
Alerta para consumo
No Brasil, existe uma farmácia (ou drogaria) para cada 3,3 mil habitantes. O País está entre os 10 que mais consomem medicamentos no mundo, segundo dados do Conselho Federal de Farmácia. O acesso a farmácias e drogarias e a facilidade na aquisição de medicamentos no popularmente conhecido "balcão da farmácia", pode promover um aumento no consumo de medicamentos.
Para especialistas, o consumo nacional de medicamentos estaria relacionado ao difícil acesso aos serviços de saúde; ao hábito do brasileiro em fazer automedicação, e ao fato do medicamento ser considerado uma mercadoria que pode ser adquirida e consumida sem a orientação devida. De acordo com estimativas da OMS, cerca de 50% dos usuários de medicamentos o faz de forma incorreta.
Os medicamentos de maior uso pela população brasileira são anticoncepcionais, analgésicos, descongestionantes nasais, anti-inflamatórios e alguns antibióticos, adquiridos no balcão da farmácia, sem dificuldade. Para especialistas, a população precisa atentar para o uso desses medicamentos, pois a utilização inadequada de antibióticos, por exemplo, pode causar resistência do organismo a substâncias que tratam infecções ou doenças que precisam de remédios nesta linha.
Mercado em expansão
De acordo com a coordenadora do curso de Farmácia da Urcamp, Cíntia Lima Ambrózio, algumas resoluções que amparam a atuação do profissional farmacêutico dentro dos estabelecimentos visam reduzir o consumo exagerado e incorreto pela população. “O farmacêutico é o profissional da saúde especializado no medicamento em todas as etapas, desde sua produção até a dispensa”, salienta.
A coordenadora ressalta que é importante que a população reconheça este profissional dentro das farmácias e exija a presença dele para sanar suas dúvidas sobre o uso correto dos remédios.
Cíntia destaca que o mercado de trabalho para o farmacêutico está expandindo cada vez mais, e hoje existem mais de 70 possíveis áreas de atuação. “A maioria dos profissionais atua em farmácias, pois a necessidade nessa área é grande. O farmacêutico é o único profissional que pode ser responsável técnico nesses estabelecimentos”, enfatiza.
Perfumaria e cosméticos
O farmacêutico e presidente da Rede de Farmácias Associadas, que conta com cerca de 850 lojas no Estado, Ricardo Duarte da Silveira, revela que, segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), em torno de 40% da comercialização das empresas do ramo não é proveniente de medicação, e sim de cosméticos e perfumarias.
Silveira questiona a orientação da OMS sobre o número de farmácias e ressalta que o Brasil investe quatro vezes menos que em medicamentos que os Estados Unidos. Para ele, a automedicação não é proveniente da quantidade de farmácias, mas pela falta de orientação das pessoas quanto ao uso dos produtos. “Como não há médicos e enfermeiros, na rede pública, disponíveis para dar orientação, as pessoas ingerem os medicamentos de forma equivocada”, acredita.
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