Cidade
Associação Espírita Amor e Caridade completa um século hoje
Há exatos 100 anos, a Associação Espírita Amor e Caridade dava início às primeiras ações na cidade. Para celebrar o centenário, a instituição espírita preparou uma série de atividades durante o ano. Uma delas acontece hoje, já nas primeiras horas da manhã. A festividade inicia com a Prece ao Alvorecer, às 7h, na sede da entidade. Às 19h30min, será realizada uma palestra no Grêmio dos Subtenentes e Sargentos da Guarnição de Bagé, com a presença do orador Sérgio Lopes, que vai falar sobre 'Depressões'.
Atualmente, a casa conta com mais de 500 participantes e, além de ser a mais antiga da cidade, é também a de maior movimento.
História
A Associação Espírita Amor e Caridade foi fundada no início do século 20, como Centro Espírita Amor e Caridade. De duas casas (Centro Espírita Amor de Maria e o Centro Espiritualista Luz e Amor) surgiu o Amor e Caridade. Vinculada e registrada na Federação Espírita Brasileira (FEB), participou do ato de criação da Federação Espírita do Estado do Rio Grande do Sul (Fergs) no ano de 1921.
Em 1926, recebeu o reforço do Centro Espírita Luz e Caridade, que resolveu fundir-se ao Amor e Caridade, trazendo consigo Boaventura Soares de Paiva, comerciante da cidade que recebia a incumbência de reorganização da Entidade Espírita Bajeense. Logo após a fusão, com a terceira casa surge, no ano de 1928.
Fé de família
A família Murat fez, e ainda faz, parte da história do centenário da casa. Foi o patriarca, Francisco Murat Porto, o responsável pela doação da área onde a casa está instalada até hoje. Neto de Francisco, Paulo Murat explica que o envolvimento da família iniciou no final da década de 1920. Murat e a esposa, Olívia Brignol Porto, perderam um filho aos 11 anos de idade. Então morador de Hulha Negra, Murat veio até a sede da cidade a negócios e acabou participando de uma sessão no Amor e Caridade. Lá, teria sido contatado pelo filho falecido. Essa ocasião o envolveu de tal forma que passou a frequentar o centro espírita.
Alguns anos mais tarde, tendo se estabelecido em Bagé, cedeu parte de um terreno para instalação do Centro. O local definitivo foi permutado com ele três anos mais tarde. Após a expansão, o centro comprou mais uma área de esquina, para ampliar a estrutura.
E, até hoje, a família Murat segue assídua no centro, tanto a filha do patriarca, Palmira Porto da Rosa, quando os netos, Paulo e Ronaldo. Para celebrar os 100 anos da instituição, Palmira escreveu um poema narrando o envolvimento da família com o centro espírita.
BOX
"Um Século de Amor e Caridade"
Quando eu era menininha,
com oito anos de idade
desencarnou o Sady,
só nos deixando saudade.
Era meu irmão querido,
meu amigo de verdade!
Me mostrou o Livro Sagrado,
me explicando a imortalidade.
Nesse tempo meu pai veio
a negócios na cidade.
Encontrou o seu Trajano,
que já lhe tinha amizade.
Levou-o numa sessão
do Amor e Caridade.
O Sady comunicou-se
pela tal mediunidade.
De volta, conta à mãezinha:
- O Sady não quer saudade.
'Não chorem a minha morte,
pois estou bem de verdade".
Ela não acreditou:
"Mas Murat, não é verdade,
nosso filho já morreu,
isto é uma realidade".
- Era ele sim, Olívia,
e jurou com bondade.
Era autêntico, acredita,
não era uma falsidade.
Viemos, então, a família
morar aqui na cidade.
No colégio nos colocaram
para a escolaridade.
Dois anos depois já estavam
no Amor e Caridade.
Doou um terreno para o centro
que estava em dificuldade.
O terreno era bem grande,
deu uma boa propriedade.
Que funcionou por três anos
com certa comodidade.
Depois meus pais compraram
essa esquina na cidade.
Permutou o tal terreno
por este da atualidade.
Desde este tempo distante
com muita felicidade,
nunca mais abandonamos
o Centro Amor e Caridade.
Paulo Murat e Ronaldo
com muita fidelidade,
vão transpor o centenário
do Amor e Caridade!
Eu escrevo estes versinhos
com fé e muita humildade.
Pedindo a Deus nos projeta
no Amor e Caridade.