Editorial
Reflexo do aumento
A mobilização deflagrada ontem, em todo o País, por parte dos caminhoneiros, não pode ser vista como uma surpresa. A alta carga tributária que incide sobre os combustíveis, há anos, é motivação para protesto. Na história recente, então, aparenta não ter freio, a não ser que os agentes políticos tomem uma medida mais drástica.
Claro que, no atual momento, o motivador foi o anúncio feito pela Petrobras de elevação, junto às refinarias, em especial, do preço do óleo diesel, que prevê reajuste, a partir de hoje, de 0,97%. Para o restante dos contribuintes, vale salientar, os ajustes têm sido ainda mais pesados, em especial sobre o valor da gasolina que, este ano, já supera a marca dos R$ 5 ao litro – em Bagé e em algumas outras cidade gaúchas.
O assunto gera o debate. Claro que sim. Mas a discussão deve resultar em medidas bem planejadas. O caso, talvez, não seja questionar a incidência de impostos sobre os combustíveis. Isso existe e, dificilmente, deixará de causar reflexo. E nem pode. Assim como os variados setores da economia, tudo resulta em efeito. Porém, seria interessante avaliar até que ponto a carga tributária poderia afetar o valor cobrado do consumidor final.
A arrecadação do País, se suficiente ou não, é expressiva. O impasse fica por como os valores absorvidos dos brasileiros são investidos pelas gestões do poder público. Há anos se fala em corte de despesas, em especial com cargos, na maioria das vezes, de cunho político. Contudo, entra e sai governo, pouco ou quase nada muda. Assim, sobra para a população, que acaba tendo de arcar com mais e mais passivos. Normalmente via elevação de impostos.
Até ontem, ao menos em Bagé, a mobilização não afetou o fluxo de veículos. Contudo, isso pode mudar hoje, a menos que medidas que alterem o atual cenário de custos dos combustíveis não sejam revistas. Entre os prós e contras, tudo dependerá de quem tem a autonomia de apresentar alternativas.