Editorial
Nova alternativa à privatização
Desde que iniciaram os debates sobre a desestatização da Eletrobras as atenções, ao menos da região, voltaram-se para a possibilidade da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) ser incluída ou não no pacote de unidades a serem privatizadas. A questão é que, independentemente das justificativas do governo, a possível mudança no sistema de gestão da empresa, que conta com sua principal unidade em Candiota, motivaria uma série de mudanças que alteraria a rotina atualmente empenhada na Capital do Carvão.
O novo tópico tratado, em Brasília, consiste numa emenda, como detalhado na coluna Fogo Cruzado desta edição, cujo o autor, o deputado Danilo Cabral, do PSB de Pernambuco, alerta que a venda dos ativos da CGTEE “causaria significativos danos à população e à economia”.
De fato, mesmo diante a previsão do governo, de arrecadar cerca de R$ 12 bilhões com a desestatização do setor de energia, o temor fica pelo impacto social que tal ação pode desencadear. Candiota é um exemplo claro para justificar tal suposição. O próprio surgimento do município é oriundo da instalação de usinas termelétricas, ainda na metade do século passado. Passadas algumas décadas, o então distrito emancipou-se de Bagé, em especial apoiado pela arrecadação expressiva ocasionada pela simples existência da indústria. A preocupação com a privatização, hoje, se enaltece a partir do momento em que se entende que a população local, hoje, desenvolve sua rotina através do funcionamento da empresa. Qualquer alteração mudará isso, obrigatoriamente.
Na prática, mesmo a privatização sendo uma ferramenta utilizada usualmente para sanar problemas de caixa público, é preciso avaliar além dos números. Os impactos sociais precisam ser colocados na ponta do lápis. Até porque, se for impossível evitar tais problemas, novas alternativas devem ser buscadas, muito além da desestatização.