Fogo Cruzado
Rossetto defende desenvolvimento do polo carboquímico de Candiota
O pré-candidato do PT ao governo do Estado, Miguel Rossetto, define a proposta de consolidação do polo carboquímico de Candiota como uma meta estratégica para o Rio Grande do Sul. “Tenho muita confiança na viabilidade. É um projeto estratégico para a região e para a economia gaúcha, que precisa de energia a custo competitivo. O gás é uma alternativa possível e necessária”, define.
Para Rossetto, a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) tem papel decisivo neste planejamento. Ele destaca, porém, que a Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás) e a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) também são estratégicas para o planejamento do setor. “E é por isso que devem permanecer estatais”, pontua.
O Polo Carboquímico do Rio Grande do Sul, formado pelos Complexos Carboquímicos do Baixo Jacuí e da Campanha, abrange os municípios de Aceguá, Bagé, Caçapava do Sul, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra e Lavras do Sul. A legislação, na teoria, privilegia a instalação de complexos industriais para a exploração extrativa do carvão e a transformação do recurso em energia ou gás de síntese. O desafio está em concretizar investimentos.
Agenda definida
O setor energético, entretanto, não é a única pauta do petista, que participou de plenárias regionais, durante o final de semana, reunindo mais de 400 pessoas em ato realizado em Bagé, no domingo (na maior agenda de pré-campanha até agora). “Estamos em pré-campanha, preparando um plano de governo. Dois temas organizam a nossa agenda. O primeiro diz respeito a trabalho, emprego e desenvolvimento. O segundo está associado à qualidade dos serviços públicos, com foco na segurança, saúde e educação”, detalha, ao destacar que os debates com as bases, na Campanha gaúcha, acompanhados pelo pré-candidato Lélio Lopes (Lelinho), e pelos deputados Luiz Fernando Mainardi, Paulo Pimenta e Dionilso Marcon, servem para absorver demandas.
Questão salarial
No terreno dos serviços públicos, Rossetto defende o fim do parcelamento de salários. “Uma escola pública tem que ser grande espaço de aprendizado. Mas isso passa por respeitar professores e pagá-los em dia. Pagar salário em dia é prioridade. Governar não é fácil. Significa fazer escolhas. E pagar em dia é uma destas escolhas”, pontua.
Pauta local
O desenvolvimento de agroindústrias, na visa do pré-candidato, representa uma alternativa para a Campanha gaúcha. “Durante o final de semana, visitamos assentamentos na região (em um roteiro que incluiu Aceguá, Bagé, Candiota, Dom Pedrito e Hulha Negra). Verificamos experiências muito importantes de renda para produtores e municípios. Ficou claro que precisamos de programas que garantam a remuneração ao produtor de leite, por exemplo. Mas ficou ainda mais evidente que toda a diversificação experimentada pela região, com a uva e as oliveiras, é muito importante. Ouvimos de lideranças regionais que a agroindústria pode agregar valor. O que precisamos é fortalecer os investimentos no setor”, avalia.
Segurança
Rossetto adianta que organiza um plano estadual de segurança pública. O planejamento, ainda segundo o petista, deve privilegiar novos investimentos. “Temos presídios interditados e cinco mil brigadianos a menos do que tínhamos há quatro anos. A Polícia Civil tem o menor efetivo dos últimos 30 anos. Nossa população precisa voltar a viver em paz. É preciso recompor o efetivo das nossas instituições, inclusive do IGP (Instituto-Geral de Perícias) e da Susepe (Superintendência dos Serviços Penitenciários). Presídio tem que ser espaço de contenção do criminoso e de ressocialização. Hoje, muitos deles são espaços de organização das facções criminosas”, critica.
Encontro de contas
O pré-candidato petista acredita que o Rio Grande do Sul tem a chance de solucionar, em definitivo, a questão da dívida com a União. “Podemos resolver através da compensação das perdas com a Lei Kandir. Recentemente, o STF (Supremo Tribunal Federal) definiu que o governo federal é devedor dos Estados exportadores. Temos, portanto, pela primeira vez, uma condição legal, favorável ao Estado”, avalia, ao defender o diálogo pela aprovação de uma proposta que tramita em Brasília. “Em maio, uma comissão especial do Congresso aprovou um projeto que é bom para o Rio Grande do Sul. Estamos falando em R$ 3,9 bilhões por ano, sendo 800 milhões para as prefeituras. A ideia é buscar um grande encontro de contas, porque o Estado é credor e devedor. Hoje temos está condição legal de trabalharmos para defendermos o que é nosso”, resume.
Para Rossetto, que foi vice-governador, na chapa encabeçada por Olívio Dutra, e ministro do Desenvolvimento Agrário e do Trabalho e Previdência Social, nos governos de Lula e Dilma, o encontro de contas entre o que Rio Grande do Sul tem a receber e o que deve vai permitir que o Estado encerre o capítulo da dívida. “E o conjunto de iniciativas que propomos, envolvendo o combate à sonegação, o cuidado com os gastos públicos e a solução da dívida, vai permitir a retomada da capacidade de investimentos”, projeta.
Debate de conteúdo
Mainardi, que acompanhou Rossetto nas plenárias, acredita que a pré-candidatura do petista tenciona um debate de ‘conteúdos programáticos’. “A pré-candidatura de oposição é a do Rossetto. Ela representa um programa que se contrapõe ao modelo que está no poder. Pelo menos três pré-candidatos, aliás, representam o compromisso com as privatizações, por exemplo. E somos oposição a isso”, reforça.
Na avaliação do deputado, que critica a extinção de todos os programas criados pelo governo de Tarso Genro, ‘as pessoas começaram a compreender que havia um exagero nas críticas ao PT, embora em alguns momentos elas fossem justas’, entendendo que a sigla pecou, ‘como os demais partidos’. “Indo para o que importa, que é a qualidade dos candidatos, teremos programa para apresentar à sociedade”, garante.