Editorial
Carvão em risco
Num momento em que a pauta nacional projeta a desestatização da Eletrobras, responsável por comandar, entre outras questões, a geração de energia elétrica com base no carvão, em Candiota, através de sua subsidiária, a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica – a CGTEE, o que pode colocar o setor em xeque, desestimulando investimentos, o cenário estadual aponta para um caminho não muito diferente.
Como retrata a coluna Fogo Cruzado de hoje, a Assembleia rejeitou, ontem, quando tratou do projeto de lei que trata sobre as diretrizes orçamentárias para 2019, uma emenda que previa o estímulo à utilização do carvão mineral. Se para a futura gestão gaúcha tal medida pode representar um fôlego financeiro, mesmo que irrisório, por outro, quem aguarda novidades pode ficar a ver navios.
A sugestão proposta previa ações como ampliar e qualificar a geração, transmissão e distribuição de energia, estimulando a utilização do carvão mineral e de energias renováveis a custos acessíveis. Contudo, devido à sua negativa, o responsável por comandar o Estado a partir do próximo ano, caso entenda como oportuno investir no ramo, precisará articular o uso de recursos extras, cabendo, desse modo, o aval posterior do Legislativo.
De qualquer modo, enquanto o setor carbonífero depender de empreendimentos unicamente de caráter privado, será preciso muito jogo de cintura de quem atua no ramo e busca reforçá-lo. Um exemplo local, fora a construção da Pampa Sul, na localidade de Seival, poderá ser o projeto da Ouro Negro, para Pedras Altas – dependendo do resultado da participação deste segundo no leilão de energia programado para agosto.
Para uma região que depende – é preciso reconhecer este ponto – de investimentos em carvão para alcançar seu desenvolvimento, projetos de gaseificação ou similares poderão ser o futuro. Ao menos ao que tudo indica. De resto, o que aparenta é uma situação de risco, pelo menos momentâneo.