Editorial
Ligação perigosa
Matéria de destaque desta edição revela que, diferentemente da estatística apresentada pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, sobre a diminuição de óbitos causados pela Aids, Bagé anda, por assim dizer, numa contramão. A análise feita por especialistas da área mostra que a contagem de, pelo menos, uma morte ao mês, vem se mantendo. Mais temeroso que isso, a quantidade de diagnósticos positivos para o contágio alcança uma média de certo modo perigosa: três novas confirmações a cada 30 dias.
A questão, que é a mais clara possível, é de que mesmo diante da possibilidade de prevenção, não é suficiente o número de pessoas que está atenta para essa que é uma verdadeira epidemia global. É preciso, sim, a cada dia, estar atento. E, veja bem, em caso de um infortúnio “esquecimento”, procurar um diagnóstico prévio para, se confirmado o contágio, buscar o tratamento.
Não basta, ouçam bem, apenas discurso de que se está ciente, é preciso ação. O que se percebe, no atual momento, é que existem alternativas para fazer com que a Rainha da Fronteira, a exemplo do divulgado pelo Estado, passe a reduzir o número de óbitos. Com exceção à disponibilização de medicamentos que, pelo que se anunciou, vem diminuindo, há estruturas destinadas não apenas para a realização dos exames, mas também para o atendimento a quem for contagiado.
Não obstante, um detalhe levantado pelo pediatra e especialista em doenças sexualmente transmissíveis, Carlos José Jeismann, demanda mais atenção ainda. Segundo ele, a maior incidência por Aids é atribuído a usuários de crack, um entorpecente que já demonstrou, ao longo da história recente, ser devastador a qualquer organismo. Desse modo, é fundamental inserir tal contexto nas políticas voltadas à prevenção das doenças sexualmente transmissíveis. Até porque, é uma ligação extremamente perigosa, de ambos os lados.