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Segurança

Operação “Resgate” encontra empresário vítima de sequestro

Publicada em 24/08/2018
Operação “Resgate” encontra empresário vítima de sequestro | Segurança | Jornal Minuano | O jornal que Bagé gosta de ler
Grupo criminoso foi preso logo após vítima ser libertada

Teve fim, na noite de quarta-feira, o sequestro do empresário Vando Gasparoni, de 31 anos. Ele estava sendo mantido em cativeiro após ser capturado na noite de domingo, quando foi guardar seu veículo na garagem de sua casa, no bairro São Bernardo.

A Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais - DEIC, o setor de Inteligência e o Pelotão de Operações Especiais da Brigada Militar, com o apoio da 2ª Delegacia de Polícia de Bagé e a Delegacia de Dom Pedrito, após dias de investigação e, inclusive, de negociação com os sequestradores, conseguiu efetuar o resgate.

Membros da família de Vando, ainda muito nervosos, conversaram com a reportagem do MINUANO, ontem, e relataram como passaram os três dias de duração do sequestro, período marcado de ansiedade e aflição.

A mãe de Vando,Tânia Regina Gasparoni, 66 anos, ainda com lágrimas nos olhos, contou que nunca havia passado por um momento tão angustiante. “No domingo, ele veio almoçar conosco aqui em casa. Trouxe chopp do aniversário da esposa, que tinha acontecido na sexta-feira. Estávamos todos bem e muito felizes, família toda reunida. À noite, aconteceu essa situação, meu coração ainda está apertado, somente Deus para nos ajudar”, contou.

Dona Tânia, ainda muito preocupada, relatou que a maior tristeza é saber que familiares participaram do crime e deixaram agredir seu filho. “Ajudei muito a família desse primo e da mãe deles, ainda admirava como ele cuidava dela, ajudávamos com alimentos. Fico muito triste em saber desse envolvimento, deixaram judiar do meu filho, participaram disso por dinheiro, meu filho é só um trabalhador”, ressaltou.

A irmã de Vando, Kelly Gasparoni, 34 anos, contou que ele estava deitado e a esposa falou que ia guardar o carro. Ele, então, levantou de camiseta e chinelo e disse que ele guardava. “Ele foi, abriu o portão e guardou o veículo. Daí, quando ele saiu, os sequestradores pegaram ele, bateram nele. Com os gritos de socorro, os cachorros começaram a latir e a esposa e o filho foram ver o que estava acontecendo. Ele já estava dentro do carro deles, o gurizinho correu na frente e então ela foi pegar o menino. O filho contou que viu dois homens e um estava de cara limpa”, detalhou.

Kelly ainda completou dizendo que ela ligou, após isso, e então foram para a casa do empresário e, por volta das 22h30min, eles já entraram em contato, através do aplicativo de mensagens WhatsApp. “Eles diziam que estavam com o Vando e que era pra ficar tranquila que de manhã iriam começar as negociações. Mas ficaram até as 4h de segunda-feira mandando diversas mensagens, vídeos dele no cativeiro, áudio dizendo que tava bem e depois começaram a pedir o valor do resgate. No primeiro momento, eles pediram R$ 1 milhão, depois foram baixando os valores, mas faziam chantagem, dizendo que se algo fosse publicado nas redes sociais, internet, jornais, iriam matar ele”, acrescentou a irmã da vítima.

Ela também contou que Vando é um trabalhador e que os informantes passaram dados errados sobre o empresário. “Os informantes falaram que ele teria esse dinheiro para os mandantes, mas ele não tem. Nossa família é simples, somos trabalhadores apenas. Judiaram muito dele, está com o olho roxo, deram muita coronhada na cabeça, está com vários cortes. Sofreu muito. Nos vídeos, a gente via ele muito machucado”, complementou.

A família também contou que, no momento que estavam levando Vando para o cativeiro, os criminosos mandavam ele ficar com a cabeça baixada, mas, em um momento, ele conseguiu levantar e ver que estava na Santa Tecla e teria entrado para os bairros Malafaia e Ivo Ferronato. “Eles pediam que a esposa levasse o dinheiro do resgate até Porto Alegre”, explicou Kelly.

Os pais de Vando, a partir do momento que ficaram sabendo da ação, foram levados para outra residência, em proteção pela polícia, sem contato externo para a segurança de todos.

Resgate

Os familiares de Vando ainda contaram que ele conseguiu fugir na noite de ontem. “Como a polícia já estava investigando ali, eles viram o giroflex e movimentação da Brigada e da Polícia Civil. Então, muito nervosos, eles tentaram fugir, botaram meu irmão dentro do porta-malas do carro e saíram a pé, ameaçando ele que voltariam. Neste momento, ele conseguiu abrir o banco traseiro e sair para o interior do veículo e, depois, saiu do automóvel e correu para a casa de um vizinho. Então, ligaram para a Brigada. A polícia chegou e uma equipe salvou ele e outra conseguiu prender um dos sequestradores”, salientou.

Os policiais civis e militares estavam realizando diligências no bairro Ivo Ferronato, onde foi efetuado, mais cedo, uma prisão por tráfico de drogas. Ainda nas buscas para identificar a residência que era utilizada como cativeiro, os agentes identificaram uma casa onde estava um dos indivíduos fazendo a contenção do local. Ele estava portando um revólver, em frente ao cativeiro, quando os policiais chegaram. No mesmo momento, uma outra equipe de policiais encontrou a vítima em uma residência que ficava nos fundos do cativeiro, onde estava escondido dos criminosos. Vando estava lesionado em razão da agressão dos sequestradores e logo foi encontrado pelos policiais.

A irmã dizia que a sensação foi pior que a morte. “Depois, a negociação ficou entre a esposa, a polícia e os acusados e, então, não sabíamos se ele estava comendo, se estava bem. Foi muito angustiante”, explicou.

O pai da vítima, também Vando Gasparoni, de 70 anos, contou que rezou muito. “Não tem explicação. Vários sentimentos, angústia, enfrentamos horas difíceis. Ele estar conosco de volta é graças a Deus e à polícia que ajudou muito, que estava com a gente nessas horas e foi incansável com toda investigação e ação. Pelo que poderia ser, meu filho está bem. É o que importa”, declarou o aposentado.

Seu Vando comentou que ficou muito nervoso com tudo que ocorreu. “Não tem explicação, um preso ter acesso a telefone celular, isso não pode né? Como eles conseguem? Ainda bem que tudo se resolveu para o bem”, finaliza o pai da vítima.

Kelly ainda conta que os acusados fizeram contato anteriormente com a filha de Vando. “A minha sobrinha de 15 anos, umas duas semanas antes, recebeu um chocolate na casa deles e  não sabia quem era. Falaram com ela pelo WhatsApp, dizendo: 'E aí, gostou do chocolate?'. Ela disse que não tinha comido, pois não sabia de quem era e perguntou quem era e nunca que a pessoa se identificou. Agora, descobrimos que o número era o mesmo que pedia o resgate. Acreditamos que eles queriam pegar a minha sobrinha”, comentou.

Segundo a família, Vando disse que há dois meses que os criminosos investigavam as vidas deles e sabiam dos horários e tudo que faziam. “Eles usavam muita droga no local, quando estavam “chapados” não agrediam o Vando, mas depois ficavam bravos quando passava o efeito e então acordavam ele a chutes e socos. Foi muita agressão, meu irmão teve que fazer vários exames e ainda irá fazer ressonância magnética, mas ainda bem que está vivo e bem, agora é um alívio”, finalizou.

Mandante

Conforme o delegado Cristiano Ritta, todo o sequestro foi organizado por dois detentos do Presídio Regional de Pelotas. “Um dos mandantes do crime é Tiago Rafael Leges Ferreira, conhecido como Mochilão. Ele é conhecido por vários crimes, como roubos a joalherias, tráfico de drogas, organização criminosa e também foi mandante do latrocínio do tradicionalista Gilberto Silveira, no início deste ano”, explicou.

“Mochilão” e Jean Carlos Vasconcellos da Luz, conhecido como Gordo Jean (que é primo da vítima) teriam arquitetado o sequestro. Ambos fazem parte da organização criminosa "Zona Leste", desarticulada pela Defrec no ano passado. A família confirmou que todos os familiares envolvidos no crime possuem algum envolvimento com drogas.

Ritta destaca que já pediu diversas vezes para o poder Judiciário a remoção de “Mochilão” para um presídio federal, pois ele é muito perigoso e pode cometer outros crimes. “Esse caso, um sequestro, um crime raro em Bagé, tivemos uma investigação pesada, ficamos a disposição para encontrar e proteger a vítima e a família e tivemos êxito. Mas o que nos preocupa é que não é o primeiro crime que ele é o mandante, ele vai seguir cometendo delitos, não duvido que novamente faça algo aqui em Bagé e região”, ressalta.

O delegado acrescenta que diversos processos que ele responde, muitas vezes, há trocas de juízes e acaba com morosidade. “É complicado, nós tentamos desempenhar o melhor papel, investigamos, encontramos os suspeitos, prendemos e logo estão de volta nas ruas, ameaçando a população. Pedimos prisões mais eficazes, esse líder de organização não deveria estar mais no Estado. É de extrema periculosidade”, salienta o delegado.

Prisão

Matheus Funari Borges, 20 anos; Michel de Oliveira Pedroso, 24 anos; Leonardo da Costa Pinheiro, 27 anos; Márcio Adriano Vasconcelos da Luz, 45 anos; Maria Justina Lopes Vasconcellos, 65 anos, e Fernanda Silva da Rosa, de 29 anos, foram presos em flagrante, acusados por extorsão mediante sequestro qualificado, organização criminosa armada e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

O delegado titular da Defrec, Cristiano Ritta, destaca que os acusados possuíam, cada um um, função específica na atuação do crime.

Borges já havia sido preso e era o responsável pela garantia do cativeiro em segurança.

Pedroso participou de vários roubos e era responsável também pelo cativeiro.

Pinheiro, que é irmão de Rafael Pinheiro (preso acusado de matar o tradicionalista Gilberto Silveira), também tinha passagem pela polícia e foi responsável pela estrutura do local, organizar alimentação dos envolvidos e contabilizar o dinheiro gasto.

Da Luz era o informante e familiar da vítima, já havia sido preso por tráfico de drogas em outra oportunidade.

Maria Justina era a cozinheira do local e também havia sido indiciada por participação no tráfico de drogas.

Fernanda foi responsável por alugar a casa, onde foi o cativeiro, no Ivo Ferronato, com a proprietária do imóvel.

Mais suspeitos

Ritta conta que ainda há dois investigados, outro empresário do mesmo ramo da vítima, que teria repassado informações aos criminosos, e outro que teria dado apoio logístico à organização criminosa. “Já sabemos quem são e em breve serão presos. E responderão pelo crime”, informou.
Na operação de resgate, foram apreendidos um revólver e uma pistola. No local do cativeiro, não havia drogas, apenas algumas para consumo deles.

Após a prisão do primeiro acusado de sequestro, um segundo foi encontrado na Estação Rodoviária de Bagé, onde estava tentando embarcar para a cidade de Dom Pedrito. Os seis indivíduos foram autuados por extorsão mediante sequestro qualificada, organização criminosa armada e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Após a lavratura do flagrante, eles foram encaminhados para o Presídio Regional de Bagé (PRB).

Operação

O titular da Defrec, Cristiano Ritta, em entrevista ao MINUANO, relatou que quando souberam do fato, toda equipe de investigação, equipe anti-sequestro do Deic, setor de inteligência da BM, investigação da 2ª DP e Delegacia de Dom Pedrito, agentes da Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) largaram tudo e começaram a investigação.

“Aqui, trabalhamos com informações, fizemos um banco de dados e então começamos a buscar ligações”, destacou.

Ritta disse que já sabiam quem seria o mandante e depois começaram a ver os demais envolvidos. “A gente vai recolhendo informações e coletando dados de pessoas. A comunidade ajuda muito, fala que há pessoas diferentes na região e, então, vamos organizando. Isso faz com que facilite. Temos um policial que, durante esses três dias, ficou coletando informações nas redes, no banco de dados e em toda investigação que já realizamos. Depois, temos mais uma equipe que fica diretamente auxiliando as vítimas (nesse caso a família), vamos nos organizando até chegarmos aos suspeitos”, complementou.

Participaram da atuação, os delegados Cristiano Ritta, André Matos Mendes e o titular do Deic, João Paulo de Abreu. Ressaltaram que, há muitos anos, não havia esse tipo de crime na cidade. “A completa integração das Delegacias da Polícia Civil e Brigada Militar da cidade de Bagé, com a Delegacia de Roubos do Deic de Porto Alegre, permitiu a localização do cativeiro e a liberação da vítima”, enfatizou.

Eles destacaram, ainda, que todos os crimes coordenados de dentro dos presídios são prontamente investigados e dezenas de pessoas já foram presas nos últimos meses. Ritta frisou que o que há de melhor é quando conseguem resgatar a vítima e dar uma resposta positiva à comunidade. “Isso é gratificante. Hoje (ontem) uma pessoa que eu nem conheço me parabenizou. Isso faz com que tudo que fazemos aqui, em proteção das pessoas, valeu a pena”, concluiu.

Informação

Durante todo o período do sequestro, mensagens nas redes sociais falavam sobre algumas informações, mas nunca com certeza. A equipe de reportagem do MINUANO, em apoio às investigações, deixou de publicar o fato atendendo uma solicitação dos órgãos policiais. Isso, em específico, pelo fato dos criminosos terem ameaçado matar o sequestrado caso algo fosse divulgado.

 

 

 

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