Campo e Negócios
Produtores de leite buscam ações para alavancar mercados
O Rio Grande do Sul é um dos grandes produtores de leite no País, com cerca de 12 milhões de litros por dia, mas só consome internamente em torno de 40% dessa produção, e mesmo assim é um dos estados da União que mais importa o produto. A informação é do presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang. O dirigente reforça que o leite, por ser um produto nobre da alimentação do brasileiro, seja integral ou através dos seus derivados, interessa a todos, do produtor ao consumidor.
Segundo ele, quem realmente vive e conhece a atividade, observa com espanto muitas coisas que acontecem. Tang indaga se o Estado e a indústria capacitaram-se para o mercado externo ou continuam montando uma operação de guerra para conseguir tirar o produto da região e como pode o produtor entender esta lógica. "De um lado, as autoridades político-administrativas e muitas indústrias incentivando a produção e nos informando que a planta industrial do Estado tem capacidade para receber cerca de 18 milhões de litros por dia, do outro lado o laticínio nos remunerando pouco, alegando que tem muito leite no mercado. O que fizeram as autoridades e a indústria para tirar este leite do Estado e do País? Ficamos totalmente dependente do mercado interno, principalmente dos estados do Sudeste, e isto nos torna muito vulneráveis do ponto de vista de mercado a médio e longo prazo", destaca.
Conforme o presidente da Gadolando, o produtor, rapidamente, teve que fazer uma série de ajustes e investimentos na propriedade para se adequar às normas corretas para a produção leiteira. "Será que a indústria e as autoridades estão, também, nesta velocidade, se adequando ao mercado internacional? Observamos que muitas nem investem em leite em pó, carro-chefe de exportação do setor. Alegam que gera pouco lucro. Por sua vez, o produtor entrega o seu produto muitas vezes sem lucro nenhum e não tem força para mudar o cenário", observa.
Tang reforça que o setor entende e apoia totalmente que o produtor deve produzir leite de qualidade, e que a sanidade do rebanho é questão primordial de quem quer permanecer na atividade, pois quem não entender isto, automaticamente está fora da atividade. "Também sabemos que o mercado é controlado por oferta e procura, mas como produtor fica muito difícil de entender sempre a mesma desculpa, tem muito leite no mercado, mas quando nos informamos um pouco, causa espanto vermos que somos importadores e que poucas ações concretas são feitas para reverter esta situação", pontua o dirigente.