Coisas de Bagé
Museu a céu aberto
Publicada em 06/10/2018
por Letícia Fialho
Acadêmica de Jornalismo da Urcamp
A Rainha da Fronteira enche os olhos de quem passeia pelas ruas com esbeltos casarões de arquitetura antiga finalizados com detalhes impecáveis, onde a arte cemiterial destaca-se por suas peculiaridades. No livro Sarau Noturno, da doutora Clarisse Ismério, o cemitério da Santa Casa de Caridade, fundado em 1858, é citado como um museu a céu aberto. Antes instaurado em outros locais, o espaço, repleto de significados e representações, abriga grandiosos jazigos, mausoléus e túmulos. O cemitério guarda lembranças de personalidades como o segundo maior líder da Revolução Farroupilha, o General Sousa Neto. Seu mausoléu foi construído na Itália com mármore de Carrara e transportado em blocos para a cidade. Já o mausoléu de Visconde de Cerro Alegre, comandante da divisão do exército imperial brasileiro, é uma capela neoclássica com colunas na estética dórica. E o jazigo do imigrante espanhol Francisco Ilarregui, que se destacou como comerciante e suas causas sociais, é formado por colunas coríntias, todo em mármore. O local é apreciado pelo Sarau Noturno, um projeto cultural com o intuito de aproximar as pessoas da riqueza presente no cemitério, desenvolvido por Ismério desde 2008.
Mão preta/ Preto Caxias
O requisitado túmulo de Mão Preta, localizado na ala nobre do cemitério, foi santificado pela população devido ao auxílio constante prestado à comunidade. É o mais visitado atualmente com fidelidade aos seus milagres. Mais conhecido como Preto Caxias ou Mão Preta, Maximiliano Domingos do Espírito Santo, foi filantropo, enfermeiro e zelador. Natural do Rio de Janeiro, ele construiu sua trajetória em Bagé, desde os 36 anos, onde serviu ao 8º Batalhão de Infantaria e logo depois, à polícia. Atuando como zelador e enfermeiro na Santa Casa de Caridade, ganha reconhecimento por auxiliar doentes e famílias desamparadas, além de buscar ajuda para os mais necessitados. Duas lendas mantém viva a história de Preto Caxias. Relatos contam que a princesa Isabel ao visitar a cidade, em 20 de fevereiro de 1885, teria apertado a mão de Maximiliano. Já pesquisadores afirmam que o aperto de mão veio do conde D’Eu, marido de Isabel. Outra lenda conta que Mão Preta, ao visitar a Igreja de São Sebastião para ver a princesa Isabel, teria sido apresentado como a alma mais caridosa da região, pelo reverendo Bitencourt. Seu túmulo é reconhecido pela representação do aperto de mão entre ele e a princesa Isabel. Famoso aperto de mão entre Mão Preta e princesa Isabel registrado no túmulo
Galeria de Imagens