Minuano Saúde
Reações alérgicas na pele nas estações quentes
A pele é um órgão constituído por três camadas: a epiderme (camada externa onde se encontra a córnea composta por células mortas com a função de proteger contra a entrada de agentes agressivos), a derme (camada intermediária onde se localizam os vasos sanguíneos, as glândulas sebáceas, as terminações nervosas e os folículos pilosos) e o tecido subcutâneo ou hipoderme (camada mais profunda formada por células de gordura responsáveis pelo suprimento de eventuais necessidades calóricas).
Além de ser sensível aos estímulos sensoriais, de regular a temperatura corporal e de sintetizar vitaminas, a pele funciona como barreira contra a agressão de agentes externos e de micro-organismos e preserva o organismo contra a desidratação, pois as glândulas sebáceas secretam uma substância que dificulta a evaporação da água do corpo. A pele pode, porém, desenvolver reações de fundo imunológico, quando exposta a certas substâncias. Quase todos podem ter reações alérgicas ao contato com agentes irritantes como giz, detergentes e outros produtos de limpeza, metais usados em bijuterias, cosméticos e tecidos sintéticos. E isso exige atenção e cuidados por parte do indivíduo.
Nesta edição, o médico dermatologista Paulo Machado irá explicar sobre as reações alérgicas da pele nas estações quentes.
Características e tratamento
As alergias aparecem em algumas pessoas por hipersensibilidade ao contato com determinadas substâncias e desenvolvem uma reação de caráter imunológico, quando mexem com esses agentes que, em geral, causam pouca irritação nos outros, explica o médico dermatologista Paulo Machado. “Por isso, é importante estabelecer o que se entende por irritação e por alergia. Veja o seguinte exemplo: mexer com ácido irrita as mãos, mas isso não pode ser chamado de alergia. A alergia envolve uma sensibilidade específica, pessoal e caracteriza-se por reação exagerada quando o indivíduo lida com substâncias como sabão, loções e perfumes. Nesses casos, o uso de tal produto precisa ser evitado ou suspenso”, completa.
O especialista ainda informa que há testes para avaliar se a pessoa é alérgica. Aplicam-se 30 substâncias em pequenas lâminas de alumínio que são fixadas nas costas do paciente e onde permanecem por 48 horas. Depois, essas lâminas são retiradas e aguarda-se mais 48 horas para fazer a primeira leitura, porque existem alergias do tipo tardio que demoram a manifestar-se. “Se houver uma reação localizada, sabe-se qual foi a substância que causou a alergia, porque todas as lâminas são numeradas”, informa.
É importante saber qual a substância que causa a alergia para que o médico possa indicar o melhor tratamento. “Porque quanto mais rápido ela for retirada, maior a possibilidade de manter a pessoa bem, com a pele restabelecida. No caso de profissionais que trabalham numa área em que o contato com o alergênico é indispensável, somos obrigados a afastá-lo daquela atividade”, relata. Os locais que mais padecem de alergias são as mãos, a face e o tórax. Os pés também costumam ser bastante afetados, principalmente por alergias provocadas pelo uso impróprio e inadequado de calçados e meias.
Com a chegada das temperaturas elevadas, aumentam também as doenças e problemas. Segundo Machado, há diversas ações que devem ser observadas para que a saúde seja preservada. “Temos diversas situações de risco e alguns cuidados devem ser tomados durante as altas temperaturas”, observa o médico.
As picadas de insetos são uma das causas de alergia, segundo descreve o especialista. “Algumas pessoas são mais sensíveis que as outras, então deve-se ter mais cuidado. Contato com areia, grama, onde estão os insetos, deve ser evitado, pois, com a sensibilidade, a pele poderá ficar com diversas manchinhas das picadas”, garante.
Machado ressalta que outro cuidado imprescindível é com as queimaduras solares. “Sempre observamos que as pessoas que vão à praia ou piscina se protegem do sol, mas os trabalhadores, office-boys, visitadores e trabalhadores da rua não usam nada de protetores. Esse público é o que mais sofre, e podem surgir doenças terríveis por falta de cuidados”, explica.
As micoses de verão são outro problema, conforme relata o dermatologista. “Muito comuns nesta época são os fungos. Eles se proliferarem no corpo, em locais com umidade e calor, causando as micoses. O verão é propício para esse aumento. Os locais onde mais se proliferam são em regiões como virilha, axila e meio dos dedos”, ressalta o médico.
Outra doença bem comum do verão é a pitiríase versicolor, que é uma infecção fúngica (micose) superficial caracterizada por alterações na pigmentação cutânea, conhecida como "impingem", manchas brancas. “Geralmente, se pega em contato com a areia da praia. O tratamento deve ser feito o quanto antes para que se possa reverter o caso. Trata-se de doença prevalente nos trópicos, mas também comum em climas temperados. Há vários tratamentos disponíveis com taxas elevadas de cura, porém as recorrências são frequentes”, informa o médico.
Duplicar a ingestão de água também é um dos cuidados com a saúde. “Se você está acostumado a beber um litro ou um litro e meio de água, deverá tomar, nas altas temperaturas do verão, três litros. Perdemos muito líquido com o calor, suamos mais e também precisamos de mais hidratação, ingestão de água e sucos é importante”, salienta.
Orientação
O médico reitera que o tratamento das alergias começa com o levantamento da história do paciente. Quanto mais bem feito for, maior a chance de cura. É preciso colher, com muita precisão, informações sobre os produtos usados, os que comprou ou recebeu de presente. “O segundo passo é pedir o teste (na verdade, o teste faz parte do tratamento) e o terceiro e menos importante é a prescrição do medicamento para controle da fase aguda, uma vez que só a retirada dos alérgenos promoverá a cura”, salienta.
Quando a reação alérgica ataca uma área grande do corpo e provoca muita coceira, o médico explica que é necessário introduzir remédios por via oral ou injetáveis e também pomadas ou cremes de corticoides para uso local. “O importante, porém, é investigar o que produziu a alergia e tentar retirar essa substância de uso”, conclui Machado