Basta olhar ao redor, em nossos bairros e cidades, para perceber a presença maciça dos pequenos negócios. Recorremos a eles diariamente, seja para comprar aquele ingrediente que faltou, o remédio receitado ou uma ferramenta para conserto. Na verdade, se prestarmos bem atenção, as micro e pequenas empresas estão presentes em todos os lugares, formando um celeiro potencial de geração de oportunidades, emprego e renda em todo País.
Nos últimos 10 anos, o empreendedorismo se fortaleceu e 1,1 milhão de pequenas empresas foram criadas no Brasil, responsáveis por gerar mais de cinco milhões de novos empregos. Vislumbrando uma oportunidade ou enfrentando a necessidade de complementar a renda familiar, os empreendedores transformaram a relevância desse segmento para o desenvolvimento econômico brasileiro. Hoje, os pequenos negócios movimentam a economia, são a porta de entrada do primeiro emprego para mais de 50% dos trabalhadores que ingressam no mercado de trabalho, e, por sua natureza mais enxuta, conseguem enfrentar e vencer as crises econômicas com mais facilidade, em comparação às grandes empresas.
Uma publicação que dá ainda mais relevância para o empreendedorismo no País é o Depec Bradesco. A partir dos indicadores que compõem o índice Doing Business (facilidade de fazer negócios), construído pelo Bando Mundial, foi constatado que o Brasil poderia ter um salto de renda per capita entre 50% e 75%, se avançássemos em indicadores como abertura de empresas, obtenção de licenças e crédito, pagamento de impostos, entre outros. Acredito muito que os pequenos negócios são estratégicos para melhorar a nossa sociedade, mas este é um esforço, além do poder público, de toda sociedade, inclusive dos empreendedores.
Um exemplo inspirador de desenvolvimento regional é o Italiano. A partir da crise de um modelo de produção baseado na hegemonia dos setores de ponta do capitalismo italiano nos anos 70, fundiu-se o conceito de distritos industriais, também conhecido como clusters. Fortemente associado a identidades regionais/locais, passou a valorizar as vocações disponíveis na região, a sua cultura, a sua formação profissional. E um fator que se mostrou determinante para o desenvolvimento deste modelo de produção foram as relações sociais, tanto entre as empresas, como entre os governos, ou seja, entre a sociedade em geral. É o que estamos fazendo nas regiões Sul, Campanha e Fronteira Oeste por meio do Programa Lider - Liderança para o Desenvolvimento Regional. Desde 2015, mobilizamos, reunimos e preparamos lideranças empresariais, do poder público e do terceiro setor para que, em conjunto, busquem o desenvolvimento daqueles territórios, levando em conta as necessidades e as potencialidades locais.
As micro e pequenas empresas são mecanismo constitucional de distribuição de renda e redução das desigualdades sociais e regionais. Por isso, através do incentivo dos pequenos negócios, estamos apostando em um futuro melhor para a sociedade brasileira.
Diretor-superintendente do Sebrae RS